quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Vereador sem medo em Ponte de Lima

O vereador Filipe Viana, único eleito pelo PSD, na Câmara Municipal de Ponte de Lima, revelou recentemente que considerará a sua “recandidatura à Câmara Municipal obrigatória” e posteriormente a Comissão Política de Secção do PSD local (adiante designada por CPS) retirou-lhe a confiança política.
De facto, estamos perante um caso insólito. Trata-se de um vereador incómodo, não só para o partido do poder em Ponte de Lima desde 1974, porque não estava habituado a ter oposição, mas também para o seu próprio partido, porque não estava habituado a fazer oposição. Esta é a realidadede um vereador sem medo que trabalha e dedica-se à causa, contacta a população, sem abandonar as pessoas que integraram o projeto das últimas autárquicas candidatando-se pelo PSD, participa em muitas assembleias de freguesia, organiza conferências e colóquios, divulga a sua ação como vereador e justifica as suas votações, apela à democracia participativa. Trata-se de um vereador sem medo, pois é o primeiro a fazer real oposição ao CDS PP desde o 25 de Abril.
Esta situação é deveras estranha, uma vez que na altura do ato eleitoral, o atual vereador, na altura presidente da comissão política de secção, foi o único militante do partido que se disponibilizou para ser candidato pelo PSD e fê-lo com o apoio do partido a nível distrital e nacional. Formou equipa, apresentou um projeto com ideias-chave pelas pessoas e pelo território, deu a cara quando mais ninguém o quis fazer, foi eleito e está a cumprir o que prometeu a todos os limianos.
A CPS criou um verdadeiro facto político para o PSD em Ponte de Lima e nada poderá ser como dantes. Há novos factos a ter em conta, há novos militantes, há uma nova geração. No passado, as Comissões Políticas de Secção do PSD, em Ponte de Lima, sempre defenderam o princípio de estabelecer uma relação de confiança entre a CPS e os membros eleitos pelo PSD, quer na Assembleia, quer na Câmara Municipal. Várias Comissões Políticas defenderam que o PSD, na Câmara Municipal, devia fazer realmente oposição, não andado de “braço dado” com o executivo CDS/PP.
Futuramente, como será?
Aliar-se-á o PSD ao PP na autarquia limiana? Candidatar-se-ão dois candidatos de um partido que nunca venceu as autárquicas? Voltaremos a ter candidaturas independentes à Câmara Municipal? Acabará o PSD por aproveitar a disponibilidade do atual vereador para dar continuidade ao seu projeto “pelas pessoas e pelo território”? Até onde irá este braço de ferro?
Eu não consigo compreender!
Estou deveras desiludido com tudo isto, com as pessoas, com a ausência de valores, com a falta de coragem e com a cobardia de muitos.
Da minha parte, quero manifestar o meu único compromisso com o PSD, a quem aderi de livre vontade, e com quem me elegeu. Nada mais.
Considero-me um homem livre e de fortes convicções.
Esta retirada da confiança política, lamento muito, é uma atitude premeditada, tenho que concluir.

Intervenção no plenário do PSD, em Ponte de Lima, no dia 9 de dezembro de 2011



In jornal Cardeal Saraiva, 16 de dezembro de 2011