Exmo. Senhor:
Secretário-Geral do Partido Social Democrata
Dr. José Matos Rosa
Partido Social Democrata
R. de São Caetano, 9
1249-087 Lisboa
Eu, José Nuno Torres Magalhães Vieira de Araújo, militante nº
11 625, volvidos 25 anos
de militância ativa no PSD (Partido Social Democrata), com início em 07/04/1989
e com as quotas em dia, designadamente na concelhia de Ponte de Lima e na
distrital de Viana do Castelo, venho, por este meio, requerer a V. Exa. a desfiliação de militante (renúncia à militância)
do PSD, com efeitos imediatos, atendendo aos subsequentes fundamentos:
1. Dado
o rumo que o PSD tem seguido, enquanto partido que apoia o atual governo, não
me sinto capaz de cumprir com os seguintes deveres dos militantes que constam
nos estatutos do partido:
“d) Alargar a inserção do Partido
através da difusão da sua doutrina e do seu Programa e do recrutamento de novos
militantes;
f) Ser leal ao Programa, Estatutos e
diretrizes do Partido, bem como aos seus Regulamentos;
j) Em geral, reforçar a coesão, o
dinamismo e o espírito de criatividade do Partido”.
2. Neste
momento, considero que estão comprometidos os três valores fundamentais da
social-democracia: a liberdade (política), a igualdade (económica), a
solidariedade (social), e entendo que o partido necessita de regressar à matriz
social-democrata como a defendida desde a sua fundação.
3. De
facto, tenho particular afinidade com a ideologia social-democrata, mas não me
revejo no atual PSD, o que me leva, em consciência, a ter que renunciar à
militância.
4. Entristece-me
e perturba-me a fraqueza da palavra dada pelo atual Senhor Presidente do PSD,
sendo que prometeu na campanha eleitoral o que não está a cumprir enquanto
primeiro ministro de Portugal.
5. Dadas
as atuais circunstâncias, entristece-me, num estado de direito democrático, não
me conseguir rever num dos mais diversos partidos políticos existentes, contudo
declaro que não sou dependente, nem independente, invocando as seguintes
razões: ser-se militante só por paixão ou devoção, ou para dizer-se que se é,
não faz qualquer sentido; dizer-se que se é independente só por não se ser
militante ou simpatizante de um partido político não me parece um ato heróico,
num estado de direito democrático.
6. Resta-me
aguardar e utilizar a arma da democracia, que consiste em ter vigor na denúncia
e acreditar na ideologia: denunciar tudo o que não siga as normas da coerência,
honestidade, seriedade e carácter políticos; acreditar poder viver onde todos
decidem, como se fossem um todo, no interesse de todos.
7. Admito
divergências, mas entendo não dever abdicar dos meus valores e convicções.
Com os melhores cumprimentos,
Maia, 21 de janeiro de 2015
Pede Deferimento,
O (ex)militante,
José Nuno Torres Magalhães Vieira de
Araújo