quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Desfiliação de militante do PSD

                 Exmo. Senhor:
              Secretário-Geral do Partido Social Democrata
              Dr. José Matos Rosa
              Partido Social Democrata
              R. de São Caetano, 9 
                                                                                           1249-087 Lisboa


Eu, José Nuno Torres Magalhães Vieira de Araújo, militante nº 11 625, volvidos 25 anos de militância ativa no PSD (Partido Social Democrata), com início em 07/04/1989 e com as quotas em dia, designadamente na concelhia de Ponte de Lima e na distrital de Viana do Castelo, venho, por este meio, requerer a V. Exa. a desfiliação de militante (renúncia à militância) do PSD, com efeitos imediatos, atendendo aos subsequentes fundamentos:
    
     1. Dado o rumo que o PSD tem seguido, enquanto partido que apoia o atual governo, não me sinto capaz de cumprir com os seguintes deveres dos militantes que constam nos estatutos do partido:
“d) Alargar a inserção do Partido através da difusão da sua doutrina e do seu Programa e do recrutamento de novos militantes;
f) Ser leal ao Programa, Estatutos e diretrizes do Partido, bem como aos seus Regulamentos;
j) Em geral, reforçar a coesão, o dinamismo e o espírito de criatividade do Partido”.
   
   2. Neste momento, considero que estão comprometidos os três valores fundamentais da social-democracia: a liberdade (política), a igualdade (económica), a solidariedade (social), e entendo que o partido necessita de regressar à matriz social-democrata como a defendida desde a sua fundação.
     
    3.  De facto, tenho particular afinidade com a ideologia social-democrata, mas não me revejo no atual PSD, o que me leva, em consciência, a ter que renunciar à militância.
   
    4. Entristece-me e perturba-me a fraqueza da palavra dada pelo atual Senhor Presidente do PSD, sendo que prometeu na campanha eleitoral o que não está a cumprir enquanto primeiro ministro de Portugal.

     5.  Dadas as atuais circunstâncias, entristece-me, num estado de direito democrático, não me conseguir rever num dos mais diversos partidos políticos existentes, contudo declaro que não sou dependente, nem independente, invocando as seguintes razões: ser-se militante só por paixão ou devoção, ou para dizer-se que se é, não faz qualquer sentido; dizer-se que se é independente só por não se ser militante ou simpatizante de um partido político não me parece um ato heróico, num estado de direito democrático.

    6. Resta-me aguardar e utilizar a arma da democracia, que consiste em ter vigor na denúncia e acreditar na ideologia: denunciar tudo o que não siga as normas da coerência, honestidade, seriedade e carácter políticos; acreditar poder viver onde todos decidem, como se fossem um todo, no interesse de todos.
   
     7.  Admito divergências, mas entendo não dever abdicar dos meus valores e convicções.

Com os melhores cumprimentos,

Maia, 21 de janeiro de 2015

Pede Deferimento,
O (ex)militante,
José Nuno Torres Magalhães Vieira de Araújo