A comunicação foi feita sem ter apresentado qualquer nota
justificativa, apenas revelou que havia comunicado tal decisão na reunião da
Assembleia de Freguesia no passado dia 20 de Abril e que havia recebido a
solidariedade de todos os seus membros.
Face a esta decisão, estranhamente, a Comissão Política do
PSD de Ponte de Lima (adiante designada por CPS) ainda não tomou qualquer
posição pública, denunciando claramente esta posição que revela, no mínimo,
total ingratidão para com o partido a quem agora vira a cara. Basta ver que no
currículo de João Inácio Reis Lopes Barreto consta que foi vereador eleito pelo
PSD na Câmara de Ponte de Lima, foi assessor do Secretário de Estado Adjunto do
Ministro da Agricultura, Pescas e Florestas, Carlos Manuel Duarte de Oliveira,
no XVI Governo Constitucional, e esteve na administração do Hospital.
Esta situação é ainda mais caricata quando assistimos à
demora na decisão relativa ao processo disciplinar instaurado pelo partido ao
atual vereador, que já ultrapassou os prazos estipulados, e simultaneamente verificamos
que este presidente da junta continua a fazer parte dos quadros do partido,
sendo militante.
Apesar de tudo isto, sejamos claros: na Assembleia Municipal
do dia 19 de junho de 2010 (há sensivelmente 2 anos!), interveio o senhor
presidente da Junta de Freguesia de Arcozelo, tendo garantido ao senhor
presidente da Câmara Municipal que “os arcozelenses saberão, na hora certa,
mostrar-lhe o seu reconhecimento” pelo apoio dado à freguesia, por isso,
podemos depreender que o senhor presidente da Junta de Arcozelo já anda neste
namoro há, pelo menos, dois anos. Não é de agora!
Agora compreendo porque é que, em Ponte de Lima, se fala em
CDS A (os da Câmara) e em CDS B (os outros que andam de “braço dado”), do qual
fazem parte este senhor presidente de junta e outros que o acompanham de perto
e louvam a sua ação. Neste contexto, seria mais convincente que o próprio Eng.º
Barreto tivesse declarado que se transferia para o CDS, declinando a opção que
tornou pública, pois trata-se de mais um "pseudo" independente
político.
Agora compreendo! Mas… Eu não vou por aí.
Tratar-se-á de uma venda política ou de uma venda que não
deixa ver claramente o que se passa à nossa volta? É caso para recordar que
"o pior cego é aquele que não quer ver".
Eventualmente, estará a preparar-se o caminho para uma
coligação entre os dois CDS’s…
Para que não restem dúvidas sobre esta questão, devo dizer
que em 2001 (há 11 anos!) escrevi um artigo, publicado no JN, intitulado
“Desconfio dos independentes”, dado que estes independentes tornam-se cada vez
mais dependentes. Referi na altura que estes independentes “são um presente
envenenado (…) O mal está nas pessoas que utilizam os partidos, dados os abusos
no desempenho das funções para as quais muitos foram eleitos. (…) Desconfio
daqueles que se dizem independentes depois de abandonarem partidos políticos,
daqueles que militantes e eleitos por um partido o renegam e afirmam que o
importante são as pessoas, daqueles que dizem estar acima dos partidos. (…) Não
podemos pactuar com pseudodemocracias manipuladas”.
In jornal Altominho, 7 de maio de 2012