terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Conflito autárquico


Ao aproximarmo-nos de mais um ano eleitoral autárquico, deparamo-nos com um conflito nos partidos da direita, nos dois maiores concelhos do distrito de Viana do Castelo.

Nos concelhos de Viana do Castelo e de Ponte de Lima, ainda nada está definido quanto à candidatura social-democrata e podem admitir-se várias hipóteses: a apresentação de uma candidatura de cada um dos partidos da direita, PSD e CDS/PP, sem qualquer coligação; a coligação entre os dois partidos, por coincidência os dois que integram e sustentam o atual governo de Portugal; a existência de listas independentes nesses concelhos com candidatos da mesma área política.

No cenário da existência de listas independentes, em Viana, há uma forte probabilidade de existir uma lista independente de convergências, tendo como principal timoneiro alguém do seio do CDS/PP, atualmente no executivo camarário integrando a oposição, Dr. Aristides Sousa. Em Ponte de Lima, o mesmo acontece, mas em sentido contrário, ou seja, há uma forte probabilidade de existir uma lista independente, tendo como principal timoneiro alguém do seio do PSD, atualmente no executivo camarário integrando a oposição, Dr. Filipe Viana.

No cenário da coligação, em Viana esta fará algum sentido, tanto que assim aconteceu no último processo autárquico e o detentor da Câmara Municipal vianense é o PS, mas o PP está dividido. Porém, em Ponte de Lima a coligação não faz qualquer sentido, uma vez que é a única autarquia do país do CDS/PP e o executivo camarário tem tido uma maioria absoluta, tendo apenas, neste momento, um vereador eleito pelo PSD, contudo o partido laranja está dividido. Em síntese, tanto num concelho como noutro, os dois partidos da direita, que presentemente estão na oposição nos respetivos executivos camarários, estão divididos quanto ao futuro.

Perante estas situações, quem está verdadeiramente em cheque é o PSD, uma vez que não detém qualquer uma destas câmaras municipais, por sinal as duas maiores do distrito, e parte fragilizado para o processo autárquico que se avizinha.

Se por um lado, o PSD tem o seu líder distrital, Dr. Eduardo Teixeira, atual deputado da nação, como muito provável candidato a Viana do Castelo, podendo ir só ou em coligação com um grupo do CDS, por outro lado tem uma candidatura por definir em Ponte de Lima, sendo certo que a ferida está aberta entre a Comissão Política de Secção, liderada pelo Eng.º Manuel Barros, e o vereador eleito pelo PSD, Dr. Filipe Viana, a quem foi retirada a confiança política. Acontece, porém, que do processo disciplinar instaurado ao vereador limiano ainda nada se sabe, já tendo sido expirados todos os prazos possíveis, e quem está a ser atingido politicamente é o Presidente da Distrital do PSD, pois não conseguiu que o órgão do Conselho de Jurisdição que integrou a sua candidatura à distrital concluísse o processo em tempo útil. Neste contexto, embora este processo esteja no foro do Conselho de Jurisdição, percebe-se que o trabalho político daquela Comissão Política Distrital está a ficar seriamente comprometido pela inércia daquele órgão da distrital, estando a prejudicar claramente a ação da distrital laranja.

Por sua vez, o CDS/PP, neste momento, tem definido o seu candidato a Ponte de Lima, sendo que o atual Presidente da Câmara Municipal, Eng.º Vítor Mendes, já anunciou a sua recandidatura e em Viana do Castelo aguardará pelas cenas dos próximos capítulos, também com a hipótese do Eng.º Daniel Campelo a pairar por aí.

Tendo em conta estes dois casos, de Viana e de Ponte de Lima, poderemos afirmar que um partido dividido, que se autodestrói ou que não aceita divergências de opinião, num sistema dito democrático, dificilmente alcançará sucesso. Urge saber respeitar a diversidade.

Em termos de conclusão, há que realçar que a democracia só existe verdadeiramente se existir disciplina e respeito, pluralismo político e a pluralidade está na aceitação da divergência de opiniões. Diferentes ideias em confronto, se bem geridas, resultam num melhor fim, do que várias pessoas a pensarem da mesma maneira.
 
In Jornal Altominho, 18 de dezembro de 2012