domingo, 25 de outubro de 2020

Covid nas escolas

Eu sou aluno, encarregado de educação, assistente operacional ou técnico, professor. Como agir em plena pandemia? Face a este tremendo vírus, muitas são as dúvidas que se nos deparam no dia-a-dia, porém, em primeiro lugar, há que manter alguma sanidade mental. 

Se há verdade incontestável proferida por António Costa é a de que “a escola, em si, não transmite o vírus a ninguém”. De facto, tem toda a razão. Nem a escola, nem os transportes públicos, nem tão pouco os anfiteatros ou as praças de touros... Assim, e tendo essa certeza, temos que saber viver com ele. 

De acordo com o virologista Pedro Simas, devemos evitar contactos próximos, espaços fechados e espaços lotados. Para o efeito, está recomendado o uso de máscara, a higienização das mãos e o distanciamento social. Além disso, todas as escolas procederam a alterações significativas na sua organização para voltar ao ensino presencial. 

Importa ainda referir que estas normas estão ao alcance de todos e, deste modo, podemos prevenir a principal forma de transmissão da Covid-19. Neste contexto, urge que cada um cumpra a sua parte, de uma forma responsável e respeite maximamente as diretrizes de quem gere estas situações. Se cada um souber ocupar o seu lugar, respeitando as orientações de quem compete decidir, tudo será mais fácil. 

Em termos muito práticos, quem estiver suspeito deve comunicar à escola. Esta, por sua vez, entra em contacto com a Autoridade de Saúde Local e segue as indicações que lhe são dadas. Aqui termina a ação da escola. Tudo o que se segue é da responsabilidade dos técnicos de saúde. Estes é que decidem sobre o isolamento profilático, sobre os testes a realizar e sobre como agir em função dos resultados e do seu enquadramento. Não adianta nada stressar e complicar ainda mais a situação. As normas estão definidas e temos que aprender a lidar com a situação. 

Por último, salienta-se realçar que uma coisa é certa: o número de desafios da educação aumentou com esta pandemia da Covid-19. Neste sentido, aquilo que de nós depende, merece o nosso melhor empenho. Quanto ao demais, importa respeitar as decisões de quem compete decidir. Confiemos nas escolas e nas autoridades de saúde.

Texto publicado no dia 22 de outubro de 2020, no jornal ON "Odivelas Notícias" (link)

domingo, 11 de outubro de 2020

Ano letivo 2020/2021: arranque sui generis.

 

“A escola está diferente!” – Dizem os alunos. E, de facto, assim é. Enorme foi o esforço dos senhores diretores e dos membros das suas equipas na gestão escolar de cada Agrupamento de Escolas. Enorme foi o esforço dos assistentes operacionais e técnicos, que, mais uma vez, responderam à chamada convincentemente. Ouvidas que foram as Associações de Pais e Encarregados de Educação e certamente muitos conselhos pedagógicos, as escolas abriram de uma forma sui generis.

Por um lado, há a destacar, entre outras, algumas das inúmeras medidas preventivas no âmbito deste tempo excecional de pandemia para responder às novas exigências, a saber: implementação de planos de contingência, seguindo as orientações das entidades competentes; criação de circuitos de circulação; colocação de dispensadores de álcool gel à entrada das escolas e em cada sala de aula; elaboração de “planta da sala” fixas; reorganização das mesas no espaço dos polivalentes e nos refeitórios; colocação de tapetes desinfetantes; utilização dos balneários apenas como vestiários, antes e depois das aulas de Educação Física; e ainda a utilização obrigatória de máscara, a higienização das mãos, a etiqueta respiratória e o possível distanciamento físico.

Por outro lado, apesar de alcançado o antedito, na maioria das escolas, o governo, mais uma vez, proclamou anúncios que não concretizou defraudando as expectativas das pessoas. Há ausência de um investimento sério na educação, há ausência dos prometidos computadores, do aumento significativo de assistentes operacionais, de professores de substituição, do próprio Ministro da Educação que terá preferido vestir a camisola de Ministro do Desporto.

Em suma, perdeu-se mais uma oportunidade de conceder às escolas alguma autonomia. Fala-se muito em descentralização e mesmo em regionalização, mas tudo continua centralizado na capital e até parece que cada vez são mais as plataformas digitais a preencher pelas escolas. Fala-se muito em confiança, mas, acima de tudo, desconfia-se e descartam-se responsabilidades.  

Texto publicado no dia 10 de setembro de 2020, no jornal ON "Odivelas Notícias" (link)