segunda-feira, 27 de março de 2023

Rede de Caminhos

Os Caminhos de Santiago são simultaneamente uma afirmação pessoal nos dias de hoje e uma tradição, estando associados diversos fatores, todos interligados, como a identidade, a hospitalidade, a natureza e o património.

Há toda uma tradição histórica, onde a gastronomia e o turismo são uma mais valia, todavia a sua importância a nível espiritual, social e cultural não se consegue libertar dos aspetos económicos que envolvem qualquer um dos caminhos.

Ora, a pensar na economia, muitos tentam a sua certificação, como forma de os ver legitimamente reconhecidos, até porque existe a Rede Europeia de Caminhos. Neste contexto, é fácil perceber que num mundo em que impera a globalização, um município por si só não vai lá, daí ser fundamental a certificação e a integração em rede, por isso reconhece-se a importância dos municípios, designadamente o de Ponte de Lima, Barcelos, Paredes de Coura e Valença, terem reunido e trabalharem em conjunto no âmbito do Caminho Português de Santiago.

Todavia, o pedido de certificação do Caminho Português de Santiago, integrado no Central, foi efetuado em 27 de fevereiro de 2023, o que revela um atraso significativo face a outros como o da Costa, que foi certificado em janeiro de 2022, ou seja, um ano e um mês antes, quando o nosso é mais antigo. Porém, apesar do município de Ponte de Lima ter sido ultrapassado, tendo como fonte de comparação o da Costa e alguns municípios do Alto Minho, importa, agora que o pedido de certificação está submetido, pensar no peregrino e em tudo aquilo que o envolve.

No caso de Ponte de Lima, sempre reconhecendo a importância de se trabalhar em rede, pode e deve haver tradição e identidade local, sendo que a aposta deve incidir no apelo para que as pessoas fiquem em Ponte de Lima um ou mais dias. No âmbito do turismo tem que se valorizar o rio, a gastronomia e o vinho, bem como a arquitetura do centro histórico, a ponte e o facto de ser vila. Ponte de Lima tem uma pousada da juventude e um albergue que funcionam muito bem, mas urge disseminar o Menu do Peregrino, estabelecendo-se parcerias com escolas de hotelaria ou entidades formativas com cursos profissionais no âmbito da restauração.

De qualquer modo e para todos os efeitos, estamos no bom caminho, sendo que mais vale tarde do que nunca, certos de que a certificação e o trabalho em parceira são um forte fator de diferenciação, podendo tornar-se mais apetecível para projetos de investimento.

Texto publicado no dia 30 de março de 2023, no jornal "Altominho"