sexta-feira, 20 de julho de 2018

Intervenção na apresentação da Iniciativa Legislativa de Cidadãos promovida pela FRENTE CÍVICA contra as PPP-Rodoviárias.

Há causas que merecem o nosso apoio.
Há pessoas que merecem a nossa confiança.
Neste contexto, a causa é PPP (parcerias público privadas), a pessoa é Paulo de Morais, que se entregou a uma causa (Transparência / Anti-Corrupção) e fundou a Frente Cívica.

Esta é uma associação de cidadãos para cidadãos que “procura combater os problemas crónicos da sociedade portuguesa, através da denúncia dos mecanismos subjacentes e dos seus responsáveis, identificando soluções e formas de as implementar”. Pugna pela resolução de problemas sociais e políticos que afetam Portugal em benefício do coletivo.

Paulo Morais, além de tudo mais, é um amigo pessoal.
Tenho-o como uma pessoa íntegra, livre, leal, respeitador das convicções de cada um, bem como das divergências de opinião. Estas são algumas das qualidades que lhe reconheço e que tenho tido a oportunidade de vivenciar.

Do seu vasto currículo, em várias áreas da sociedade portuguesa, destacam-se:
Na Área académica - é professor e investigador na Universidade do Porto.
Na Área social - foi Membro da Direção Nacional da UIPSS (união das instituições particulares de solidariedade social).
Na Intervenção cívica - foi vice presidente da associação cívica Transparência e integridade.
Na Gestão autárquica - foi Vice Presidente da câmara do Porto Vereador do Pelouro do Urbanismo, Mobilidade, Desenvolvimento Social e Habitação.
Escreveu alguns livros, mas permitam-me que destaque “Da corrupção à crise”, cujo título dispensa qualquer explicação.

Ora, em 2018, a Frente Cívica irá apresentar no Parlamento um projeto de Lei que visa extinguir os contratos de parcerias público-privadas do domínio rodoviário, permitindo uma poupança ao erário público superior a onze mil milhões de euros (11 000 000 000 €). Por isso estamos aqui para refletir, debater e assinar.

Todos sabemos que em democracia é normal existirem partidos políticos. É um ato cívico ser-se militante de determinado partido político, assim como é um ato cívico participar ativamente na democracia, quer através do exercício do voto, quer através do exercício ativo em ações de solidariedade, de associativismo, campanhas de sensibilização, causas sociais, culturais, políticas, educativas e/ou desportivas.

Naturalmente que nem todos os cidadãos são militantes de partidos políticos, mas quer queiramos quer não, a representação de cada um de nós na AR é feita através de deputados eleitos por cada um dos partidos políticos. Por isso é preciso dignificar a política.

Manuel Arriaga, autor de “Reinventar a democracia”, para um futuro diferente, apresenta-nos os conceitos da “deliberação cívica” e de "Uma assembleia cívica para pensar o futuro”. Nada mais do que um apelo à participação ativa dos cidadãos.

Urge, por isso, dar valor e agir participando no exercício da cidadania, o que implica um envolvimento de cada cidadão na vida local, de modo a garantir transparência na gestão e uma verdadeira fiscalização do exercício do poder.

E o que fazer?
Diz-nos Miguel Torga (1907-1995)
«É um fenómeno curioso: o país ergue-se indignado, moureja o dia inteiro indignado, come, bebe e diverte-se indignado, mas não passa disto. Falta-lhe o romantismo cívico da agressão. Somos, socialmente, uma coletividade pacífica de revoltados.»

Importa, por isso, refletir:
Sendo um ideal e nunca se encontrando o ser humano satisfeito com o que tem, a democracia não passa de uma exigência da perfeição.

Cada um de nós, num estado de direito democrático, deve: fazer as suas escolhas, ter opiniões fundamentadas e espírito crítico, e, eventualmente, optar por uma determinada linha ideológica, ou mesmo, por um partido político legalmente instituído. De qualquer modo, o que é certo é que cada um deveria enveredar pelo caminho da honestidade, lealdade, coerência, seriedade e carácter íntegro.

Ser cidadão implica ter deveres e direitos. Há deveres cívicos como votar, pagar, defender.
Votando, temos o direito de exigir a quem foi eleito que corresponda com as promessas que fez; pagando, temos direito a maior segurança e a utilizar os bens públicos, como escolas, hospitais, tribunais e outros; defendendo, temos direito à nossa autodeterminação.

Deveres e Direitos estão intimamente ligados entre si, ou seja, tenho deveres para poder exigir os meus direitos e só tenho direitos se cumprir com os meus deveres. A esta coexistência entre direitos e deveres, deve corresponder a responsabilidade.
Em democracia a liberdade exige responsabilidade e a democracia sem a liberdade é frágil.

Sem esquecer o passado, mas não é nele que vivemos, convém, no momento presente, começar a construir o futuro. A nossa esperança renascida, numa democracia de escolhas livres,
. leva-me a apelar: a um tempo de convicções pelas quais valha a pena lutar,
. leva-me a apostar num desenvolvimento humanizado, restituindo à política a nobreza da sua função, enquanto instrumento ao serviço da vida,
. leva-me a pedir aos políticos em geral e a todos nós em especial que não esqueçamos o nosso dever de servir e não de ser servidos.

É esta imagem de seriedade e de missão que nem sempre está presente naqueles que têm responsabilidades de governo e de gestão.

Por isso, Não há que temer! Há que agir e exigir.
A arma da democracia consiste em ter vigor na denúncia e eventualmente acreditarmos na ideologia. Denunciar tudo o que não siga as normas da coerência, honestidade, seriedade e carácter políticos, bem como acreditar poder viver onde todos decidem como se fossem um todo no interesse de todos, devem fazer parte das nossas prioridades.

Diminuir as funções do Estado e aumentar as funções da sociedade civil, são as grandes linhas orientadoras da atualidade. Daí considerar premente esta iniciativa, promovida pela Frente Cívica.

Nas palavras de Fernando Pessoa
“Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(…)

Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a Hora!”

É a hora de dizer basta! É a hora da denúncia! É a hora de não baixar os braços! É a hora de seguir em frente! É a hora de defendermos as nossas convicções!
É a hora de nos unirmos no essencial!

Que perdure a esperança e a cidadania participativa para o bem de Portugal.

José Nuno Araújo

terça-feira, 17 de julho de 2018

27ª REUNIÃO DO CONSELHO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DA MAIA - proposta

PROPOSTA


Enquadrado no objetivo do Conselho Municipal de Educação (adiante designado CME), art.º 3.º, DL n.º 7/2003, de 15 de janeiro, designadamente quando refere, “a nível municipal”, a proposta de “acções consideradas adequadas à promoção de maiores padrões de eficiência e eficácia” do sistema educativo, apresenta-se a seguinte proposta:

Considerando:

1. que a proximidade reforça a participação e a exigência;
2. que a introdução de técnicas de envolvimento, motivação, transparência e compromisso, são fundamentais no momento atual, em que a juventude se encontra tão distante da política e em que é fundamental reconquistar a sociedade civil;
3. que a prática do Orçamento Participativo (adiante designado OP) suscita uma série de debates sobre as possibilidades de um aprofundamento democrático nas relações entre a sociedade e o Estado;
4. um desafio para a democracia a execução de orçamentos com a participação ativa dos cidadãos;
5. o nosso dever cívico de participar mais ativamente na democracia;
6. o carácter inovador deste projeto, a nível municipal, no âmbito da educação;

Pretende inserir-se um novo modelo de gestão dos recursos públicos.

Conceito:
Entende-se por OP "um mecanismo (ou processo) através do qual a população decide, ou contribui para a tomada de decisão sobre o destino de uma parte, ou de todos os recursos públicos disponíveis" para um dado território (Yves Cabannes,2009) OU, por outras palavras, um mecanismo de democracia participativa que permite aos cidadãos discutir e decidir sobre a aplicação de uma parte do orçamento municipal.

Principais Objetivos:
· Intensificar a participação dos membros da comunidade educativa maiata na definição das políticas públicas;
· Contribuir para uma participação informada e responsável dos munícipes;
· Garantir que a participação dos munícipes nas decisões sobre os investimentos municipais represente uma correspondência real entre as verdadeiras necessidades e as naturais aspirações da população;
· Estimular a participação democrática dos estudantes e/ou de outros membros da comunidade educativa maiata, valorizando as suas opiniões e a sua capacidade argumentativa, reflexiva e de mobilização coletiva;
· Fortalecer o conhecimento prático de alguns mecanismos básicos da vida democrática;
· Reforçar a identificação e a responsabilidade dos membros da comunidade educativa maiata relativamente à escola que também é sua pertença.

Desenvolvimento:
No âmbito desta proposta de OP, sugere-se que a CMM (Câmara Municipal da Maia) disponibilize uma determinada quantia do seu orçamento para a educação, que é próximo de €12 milhões.

Sabendo que no concelho da Maia, existem 7 Agrupamentos de Escolas e 7 outras entidades formadoras, incluindo de ensino superior, com o intuito de garantir a concretização de um número significativo de projetos, considera-se razoável que a CMM disponibilize €120 mil por cada iniciativa (correspondente a 1% do orçamento para a educação), até um montante considerado conveniente para o efeito.

Para que todos tenham oportunidade de contribuir com propostas e de se envolver no OP, deverão ser agendadas sessões de participação em diversas localidades do concelho. Nestas sessões, como espaços de diálogo, debate e concertação, para a formulação de propostas, deverá ser garantido o debate construtivo entre cidadãos, de onde certamente emergirão propostas - um projeto para melhorar a comunidade educativa - para a autarquia avaliar e aferir a viabilidade da sua concretização.

Deste modo, os membros da comunidade educativa maiata poderão participar na fase de discussão e apresentação de propostas, em sessões de participação pública, e também na fase de votação dos projetos finalistas. Estes seriam submetidos à avaliação da equipa técnica da autarquia e após a validação seriam colocados à votação do público, devendo o mais votado ser concretizado pela autarquia para dar credibilidade ao processo.

Para o efeito, importa:

I definir a organização do processo de OP, que poderá englobar etapas:
1. Preparação do processo;
2. Recolha de propostas;
3. Análise técnica das propostas;
4. Votação das propostas;
5. Anúncio dos resultados com a aprovação do orçamento.

II elaborar um regimento eleitoral, onde conste:

1. Ato eleitoral (capacidade eleitoral, data e local/locais).
2. Propostas concorrentes (prazos de entrega, subscrição, conteúdo textual e icónico, com a identificação clara de uma melhoria pretendida, calendarização de debates sobre as propostas apresentadas).
3. Campanha eleitoral (data e local/locais, salvaguardando princípios de cidadania).
4. Eleições (voto secreto presencial ou via internet, caderno eleitoral, contagem dos votos pela comissão eleitoral- considerada aprovada se obtiver 50% mais um dos votos);
5. Mesa Eleitoral (constituição).

Deste modo, o executivo disponibilizará uma parte do orçamento de investimento e convida todos os cidadãos a identificar, debater e priorizar projetos estruturais, inseridos nas competências da CM, destinados ao bem-estar coletivo dos munícipes do respetivo concelho.

Assim, propõe-se:
a implementação de um Orçamento Participativo, no âmbito da educação, no concelho da Maia.

Maia, 17 de julho de 2018

O membro do Conselho Municipal da Educação

José Nuno Torres Magalhães Vieira de Araújo