sábado, 25 de maio de 2013

Consenso nos Portugueses:

A palavra “consenso” parece estar na moda no contexto político e social, havendo vários apelos nesse sentido, contudo os políticos não seguem esse caminho.
Há um consenso generalizado em Portugal nos cortes a fazer no Estado, relativamente às mordomias dos políticos, porém estes não as atingem. Não sendo significativo o número de automóveis e motoristas a que Ministros, Secretários de Estado, Presidente da República e ex - Presidentes da República, políticos, têm direito, há um enorme consenso social em considerar que esse número é exagerado.
No âmbito da nossa democracia e no exercício das funções de serviço público, além desses cortes, há ainda a registar um enorme consenso social em considerar exagerado o seguinte:
i)                O número de deputados na assembleia da República (podem ser reduzidos, de imediato, com a atual Constituição para 180);
ii)              O número de membros do “staff” dos ex – presidentes da república (podem e devem ser eliminados, bastando-lhes generalizado as “chorudas” reformas);
iii)               O corte nas reformas dos políticos, estabelecendo como teto máximo o valor de 3.000 euros;
iv)         O corte imediato das subvenções vitalícias dos políticos que estiveram 12 anos como deputados da nação;
v)             O corte imediato da atribuição, antes dos 65 anos, das pensões de reforma aos detentores de cargos públicos e políticos, incluindo aqueles que neste momento usufruem dessa situação;
vi)     O corte imediato da acumulação de cargos públicos e pensões, incluindo aqueles que neste momento usufruem dessa situação;
vii)             O uso ilimitado de cartões de crédito para servidores do estado;
viii)       O pagamento de senhas de presença nas reuniões de Assembleia Municipal, em cada município, a Presidentes de Câmara Municipal, Vereadores, Presidentes de Junta de Freguesia e membros eleitos (podem e devem ser eliminados, tanto é que para uns é inerente ao exercício das suas funções e para outros, membros eleitos, é um ato voluntário no âmbito do exercício de cidadania);
ix)            O número de empresas municipais (podem e devem ser eliminadas as que dão prejuízo e apenas servem para justificar transferências de verbas do município);
x)                 O número de fundações e institutos públicos (podem e devem ser eliminados, pois não servem a maioria dos Portugueses);
xi)     A atribuição de benefícios fiscais na utilização de apenas alguns serviços (podem e devem permitir benefícios fiscais para os contribuintes na utilização de todo e qualquer serviço, tornando assim a fatura obrigatória em todos os serviços).
Nestas medidas, ao contrário do enorme aumento de impostos, há um enorme consenso social.
A aplicação destas medidas daria algum crédito à desacreditada política e aos políticos portugueses.
Face ao exposto, questionar-se-ão os Portugueses: se há um enorme consenso nestas matérias, porque não fazem estes cortes?
A resposta é simples: os políticos não querem.

José Nuno Araújo

Texto publicado in Jornal Cardeal Saraiva, 31 de maio de 2013