quarta-feira, 31 de julho de 2013

Os filhos dos partidos

Numa altura em que a sociedade assiste ao declínio dos políticos de um modo geral, preocupam-me duas situações no âmbito das autárquicas 2013: as escolhas em circuito fechado e a polivalência dos nossos políticos!
Em Ponte de Lima, o PSD anunciou a 5ª escolha como cabeça de lista à CM, o Eng.º Manuel Barros, após ter tornado públicos os convites à Sra. Presidente da Adega Cooperativa de Ponte de Lima, Dra. Celeste Patrocínio, ao professor José António Silva, ao farmacêutico Mário Leitão e ao professor Pedro Ligeiro. Como cabeça de lista à Assembleia Municipal, a escolha recaiu no Dr. Alípio Matos, um “Histórico militante do PSD de Ponte de Lima” que “já desempenhou várias funções de liderança dentro do partido a nível local e regional”. Por fim, recebemos a comunicação que o mandatário é o Dr. António Martins, economista que foi deputado da nação durante 12 anos, eleito pelo círculo Viana do Castelo, ex-vereador da Câmara Municipal de Ponte de Lima e atual da de Viana do Castelo, tendo sido ainda secretário-geral adjunto do partido durante vários anos, entre outros cargos e funções no PSD. Enfim, todos com um almejado currículo partidário.
Estamos perante escolhas em circuito fechado, sem vontade de agarrar um projeto inovador, e estamos, de facto, perante filhos do partido que se mostram sempre disponíveis para servir o partido, quando as causas e as pessoas deveriam estar em primeiro lugar.
Apesar do slogan da candidatura do PSD de Ponte de Lima ser “A mudança tem de acontecer”, certo é que as personalidades entretanto anunciadas, no exercício de várias funções partidárias, nem sempre assumiram uma postura de verdadeira oposição ao poder local instituído, tendo várias vezes andado de braço dado com esse poder.
Continua também a merecer preocupação a polivalência dos nossos políticos, não só porque servem para tudo, mas também por ser arriscado perderem-se deputados com reputação e serviço demonstrados, próximos de quem os elegeu.
Afinal qual será a verdadeira especialidade destes candidatos? Como explicar que aqueles que eram os melhores para as legislativas, representando as pessoas na AR, demonstrem, agora, vontade de abandonar um mandato a meio e sejam também os melhores para as autárquicas? Deveriam consolidar a sua missão como deputados da nação? Será bem apreciada pelos eleitores a disponibilidade para tanto serviço, tendo como objectivo a liderança nos seus concelhos?
A estas e as outras questões, os dois primeiros eleitos pelo PSD no círculo eleitoral de Viana do Castelo, agora candidatos às Câmaras Municipais de Vila Nova de Gaia e de Viana do Castelo, certamente responderão.
No meio de tanto desemprego, é preocupante assistirmos à profissionalização dos políticos, pois assistimos à massificação de cidadãos talhados para uma nova profissão, a de Presidentes de Câmara. Paralelamente a esta situação, assistimos a escolhas em circuito fechado, numa altura em que as pessoas sentem a necessidade cada vez maior de abrir os partidos a outras individualidades da sociedade civil.
Assistimos, impávidos e serenos, por Portugal inteiro, à primeira leva de uma geração de políticos profissionais e isto, em nada, beneficia a democracia.

Texto publicado na Rev. "Altominho", no dia 31 de julho de 2013

domingo, 28 de julho de 2013

Frases do Papa Francisco (Jorge Mário Bergolio, S.J.)

"A sociedade política só perdura desde que se apresente como uma vocação para satisfazer as necessidades humanas em comum. É esse o papel do cidadão.", 25 de maio de 1999

"Haverá alguma coisa mais humilhante do que estar condenado a não poder ganhar o seu próprio sustento?", março de 2002

"É muito difícil, no mundo do fácil, acreditar na verdade", 10 de abril de 2002

"Não devemos esperar tudo daqueles que nos governam", 25 de maio de 2003

"As escolas deveriam ser espaços onde as crianças e os jovens pudessem entrar em contacto com a vitalidade da nossa história" 9 de abril de 2003

"A função essencial da escola é formar cidadãos livres e com capacidade para defender os seus direitos e cumprir as suas obrigações", 1 de outubro de 2005

"Aquele que tenha um bocadinho mais de poder tem de dispor-se a servir um bocadinho mais", 7 de agosto de 2005

"Todo o líder, para ser um verdadeiro dirigente, tem de ser acima de tudo uma testemunha. (...) A verdadeira liderança e a fonte da sua autoridade é uma experiência fortemente existencial",  16 de outubo de 2010

"Jesus une-se aos numerosos jovens que não confiam nas instituições políticas, porque vêem egoísmo e corrupção. (...) Jesus une-se aos que perderam a fé na Igreja, e mesmo em Deus, devido à incoerência e dos ministros do Evangelho", 27 de julho de 2013 (1ª visita do Santo Padre Francisco, ao Brasil)


sábado, 20 de julho de 2013

Frases de Francisco Sá Carneiro



“Não há futuro económico e social possível quando o problema principal não é o excesso de consumo privado, com o que nos querem convencer, mas o excesso de consumo público, a monstruosidade das despesas públicas.” Francisco Sá Carneiro (Comício,1978)


«Nós vivemos num país de inutilidade pública, inutilidade pública que custa caríssimo e que afinal, agora, querem que continue a proliferar, obrigando os particulares a suportar todo o peso da crise económica.» Francisco Sá Carneiro (Comício 1978)


«Os Portugueses têm o direito de saber, naturalmente, para onde vamos e quando chegaremos. Ou seja, têm o direito de exigir aos políticos que se entre no caminho da resolução efetiva dos problemas nacionais, sem o oportunismo de novas políticas de pura conveniência partidária ou pessoal» -Francisco Sá Carneiro (Assembleia da República 1978)


“A transparência e honestidade da Administração Pública têm de se traduzir num firme combate a todas as formas de corrupção e numa prática quotidiana sóbria e digna.” Francisco Sá Carneiro


"A indispensável dignificação da política - que deve sempre procurar acima de tudo melhores e mais justas condições de vida para os cidadãos - não pode fazer-se com aviltamento dos partidos. (…) A Pessoa é a medida e o fim de toda a actividade humana. E a política tem de estar ao serviço da sua inteira realização." - Francisco Sá Carneiro


"A intervenção activa é a única possibilidade que temos de tentar passar do isolamento das nossas ideias e das teorias das nossas palavras à realidade da actuação prática, sem a qual as ideias definham e as palavras se tornam ocas. Trata-se, portanto, de um direito e de um dever que nos assiste como simples cidadãos, pelo qual não nos devemos cansar de lutar e ao qual não nos podemos esquivar de corresponder." Francisco Sá Carneiro


"Saber estar e romper a tempo, correr os riscos da adesão e da renúncia, pôr a sinceridade das posições acima dos interesses pessoais, isto é a política que vale a pena. (…) Não há nada que pague a sinceridade na acção política, como em tudo." Francisco Sá Carneiro


"Por muito que se tenha sido educado no descrédito da política, é-se forçado a reconhecer que, quando se começa a tomar em profundidade consciência da nossa própria existência pessoal e das realidades que nos cercam, somos constantemente conduzidos a ela." Francisco Sá Carneiro (Comício, 1969)

Sobre a Regionalização: «Não haverá verdadeira política económica nem autêntica concertação nacional enquanto não se derem passos significativos para a institucionalização das regiões e para a existência de um autêntico poder local.» Francisco Sá Carneiro (Assembleia da República 1977)

Francisco Sá Carneiro nasceu no Porto no dia 19 de Julho de 1934 e “cresceu no seio de uma família da alta burguesia do Porto. Era filho do advogado José Gualberto Chaves Marques de Sá Carneiro, natural de Barcelos, e de Maria Francisca Judite Pinto da Costa Leite, natural de Salamanca”.