sábado, 3 de agosto de 2013

“Mãos limpas” vs “mãos sujas”

Franclim Sousa, atual vereador da cultura, na Câmara Municipal de Ponte de Lima, na entrevista concedida ao jornal Cardeal Saraiva, a 12 de julho, revelou não ter sido convidado para integrar as listas do CDS/PP, acabando por dizer que saía “magoado e desconsiderado”, e utilizou mais do que uma vez a expressão “mãos limpas”. Face a esta expressão, das duas, uma: ou está com a consciência pesada e tem necessidade de afirmar que está de “mãos limpas”, para se convencer a si próprio e aos outros; ou pretende acusar alguém que esteve próximo dele durante os doze anos que está com as “mãos sujas”, mas não teve a coragem de o nomear.
Nessa entrevista elogia Daniel Campelo, ligando-o ao “rigor” e critica a ação de Vítor Mendes, associando-o ao “populismo”, contudo grande parte da população limiana refere que quem manda na Câmara Municipal é Gaspar Martins, atual vereador responsável pelas obras e trânsito da autarquia, que já veio a terreiro, numa entrevista ao Cardeal Saraiva, no dia 19 de julho, revelar que aceitou o convite para continuar como número dois na lista do CDS/PP e da autarquia. Trata-se do vereador que se ausentou da sua residência e da Câmara Municipal e, com esta atitude, impediu a ação da Justiça, conseguindo a prescrição e arquivamento de um processo crime em que era réu, quando foi presidente da Comissão Política Concelhia do CDS/PP e vice-presidente da Comissão Política Distrital do mesmo partido. Perante este facto, de fuga à Justiça, elementos de todos os partidos políticos, com assento na Assembleia Municipal à época, vieram a público manifestar indignação e reprovar a atitude do já citado vereador. Trata-se do vereador que fez “vista grossa”, na companhia dos seus colegas na vereação da autarquia limiana, à proposta apresentada e aprovada por maioria na Assembleia Municipal de Ponte de Lima, no início deste mandato, onde estava referido que a Câmara Municipal devia promover estudos para a requalificação do Rio Lima e seus afluentes. Para recordar, foi aprovada, em 19 de Dezembro de 2009, por maioria, uma proposta apresentada pelo PSD que, no prazo de um ano, deveria apresentar estudos sobre aquela matéria, de modo a poder gerir e obter um consenso alargado na comunidade local sobre o projecto a implementar. Contudo, nada disto foi feito! As obras começaram, foram entretanto embargadas, pararam, continuaram e foram concluídas como se nada fosse. Esta postura desrespeitadora pelas tomadas de posição numa Assembleia Municipal é grave e não beneficia o respeito pelos valores da democracia, denotando, claramente, falta de espírito democrático. A Câmara deu um mau exemplo quando tem por obrigação dar bom exemplo.
Vítor Gaspar, ex-ministro de estado e das finanças, muito criticado pelo CDS-PP, saiu do governo, mas Ponte de Lima continua com o Presidente Vítor e o Vereador Gaspar. Será um bom prenúncio? Será o melhor para Ponte de Lima?

Texto publicado no Jornal Cardeal Saraiva, 2 de agosto de 2013