Nas indicações tornadas públicas para o próximo ano letivo, a expressão
"sempre que possível" surge cerca de 20 vezes nos documentos que
chegaram às escolas, contudo há incongruências.
Acontece, porém, que, apesar das medidas anunciadas pelo ministério e na
comunicação social (distanciamento social, aumento do crédito horário, desdobramento
ou prolongamento do horário escolar, horário de entradas diferenciadas na/s
escola/s, cantinas em regime de take away, aulas de Educação Física no final de
cada turno), muitas delas não são viáveis, pois carecem de investimento e não
se vislumbra tal aposta na educação.
Ora vejamos: Por um lado não há verba para colocar mesas individuais
nas salas de aula, de modo a permitir o distanciamento, nem para aumentar o
número de funcionários nas escolas, permitindo o prolongamento do horário. Por
outro, há as "meias verdades", quer para se conseguir diferentes horários
de entrada na escola, pois, em muitas, os alunos deslocam-se de autocarro e
ficariam aglomeradamente à espera na entrada dos estabelecimentos de ensino,
quer no que diz respeito às aulas de Educação Física no final de cada turno,
dado que tal não é matematicamente possível para todas as turmas, quer no que
se refere ao aumento do crédito horário, uma vez que o desconto de 50% em cada
professor que integre o artigo 79 (redução da componente letiva para os
professores que avançam na idade), quando se trata de um corpo docente
envelhecido é uma falácia.
Como se tudo isto não bastasse há ainda a salientar a hipótese de take
away nas cantinas e o facto de que os professores e assistentes, até aqui, considerados
doentes de risco deixarem de ter qualquer salvaguarda e, na eventualidade de
não poderem trabalhar, terão que recorrer a um atestado médico.
Por fim, há a referir a rejeição, por parte do governo, à proposta de redução
de alunos por turma e à autorização de pequenas alterações no currículo,
reduzindo o número de aulas presenciais por semana.
Em termos de educação, bastaria que permitissem que cada AE se organizasse
apresentando um plano de contingência, de modo a evitar horários mistos, com o
prolongamento do horário de funcionamento das escolas e com o respetivo
acréscimo de funcionários. Mais que vergonha. Inadmissível! Revoltante!
Texto publicado no dia 10 de setembro de 2020, no jornal ON "Odivelas Notícias" (link)