segunda-feira, 30 de maio de 2011

Crise de valores

Hoje, é comum dizer-se que há uma crise de valores, ou seja, uma desorientação ou falta de algumas referências. Antes de mais, convém salientar o que se entende por valor, ideias importantes em que acreditamos e que se aprendem com os pais, professores, igreja e outros.
Vive-se, de facto, uma fase de transição de valores, uma fase confusa, em que as referências não são claras, no entanto, na sociedade portuguesa, este conflito surge da incompatibilidade entre a democracia e a educação nas escolas e em casa. Pode afirmar-se, com segurança, que vivemos numa época em que cada um está mais preocupado em ouvir-se a si próprio, em detrimento de um processo construtivo de negociação partilhada. Urge, por isso, fazer rensascer nas pessoas o espírito para servir o bem comum.
Mau grado, a tendência individualista de nos centrarmos nos nossos interesses particulares, fazendo do nosso mundo um referencial único, a verdade é que a relação eu / outro se impõe de sobremaneira. É importante superar a tentação provinciana de viver em comunidade dominados pelas barreiras das nossas ideias pré-estabelecidas, em detrimento de uma verdadeira inter-relação crítica que supere os nossos meros interesses pessoais e mesquinhos.
Certamente, ninguém duvida que devemos estar atentos aos modos de sentir e de pensar em relação aos valores de outras culturas, por isso seria muito pertinente organizá-los e trabalhá-los nas escolas, junto dos mais jovens, convictos de que a eficácia da educação sentir-se-ia favorecida com a implementação de um quadro de valores que seja idêntico na escola, na sociedade e na família.
É preciso acreditar! É preciso ter convicções! É preciso ter consciência de que as utopias só o são num determinado momento. Convém ainda ter em conta, para uma abordagem dos valores, a “teoria da acção comunicativa” de Habermars, em que há acção através da fala, do debate, de modo a garantir os consensos possíveis.
Na política, na escola, na vida social e na família, interessa, por isso, discutir a sua relevância, consciencializar todos para os contextos de vida em comunidade e para o facto de que os valores e as crenças de cada pessoa influenciam as suas opções, são determinantes na tomada de decisões.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Urge Mudar

A recessão em Portugal, o único na União Europeia, é oficial e mais profunda do que tinha sido previsto. Uma verdadeira vergonha! Tanta mentira nas contas públicas! Afinal já dizem que o défice do ano anterior é de 9,1% do PIB. Ninguém sabe se ficará por aqui?
Se a maioria dos cidadãos consegue gerir de uma forma eficaz os seus orçamentos familiares, garantindo mesmo algumas poupanças, como é possível tamanho desequilíbrio nas contas públicas? Não há dúvida que há benefícios a mais para quem gere e há falta de eficácia na fiscalização.
Esta ideia de que os gestores públicos e/ou do estado têm que ter cartões de crédito ilimitados e ordenados equivalentes aos do sector privado não me convence. Não consigo compreender como é que a gestão pública de um país consegue dar prejuízo. Não consigo compreender qual o sentido de existirem empresas públicas que não geram lucro.
É possível vivermos bem, se conseguirmos adaptar as nossas necessidades às nossas possibilidades. Para o efeito temos de ter mais hábitos de poupança, temos de ser mais moderados no consumo, temos de saber distinguir o imprescindível do prescindível, temos que nos envolver no processo, cumprindo com as obrigações fiscais e cívicas.
Urge mudar de atitude face às contas do estado. Urge falar verdade e ter espírito de serviço público.
Quem não sabe gerir não pode governar!
Ao aproximarmo-nos de mais um acto eleitoral, convém reflectir sobre a acção governativa e sobre as candidaturas que se apresentam a eleições. A CDU nunca mudou e não será agora, que é imperioso mudar, que o irá fazer. O BE não aprendeu com os erros e ao recusar negociar com a Troika, por mais legítima que seja a sua opção, marginalizou-se desta corrida. O PS não mudar de líder e fez mal porque o actual enganou uma grande maioria dos portugueses, mentiu e contradisse-se em várias comunicações ao país e já deu provas que não consegue alterar o rumo do défice. O PP mantém a sua liderança e optou por não alterar significativamente as suas listas, nem tão pouco aprovar os PEC´s sabendo previamente que a sua anuência estava garantida. O PSD, com um programa arrojado e inovador, surge renovado, incluindo no distrito de Viana do Castelo, com Carlos Abreu Amorim como cabeça de lista, um toque de qualidade e mais-valia capaz de enriquecer o distrito e a discussão política.
Todos devemos de ser mais exigentes com aqueles que nos representam na Assembleia da República e com o(s) serviço(s) a que temos direito e que o Estado nos apresenta. Ser exigente, implica participar, por isso não votarei em branco, porque, nesse caso, estaria a permitir que outros escolhessem por mim. Vou votar e estarei atento.

domingo, 1 de maio de 2011

Resposta a requerimentos apresentados na Assembleia Municipal



Ex.mo Senhor Presidente da Mesa da Assembleia Municipal, senhores secretários
Ex.mo Senhor Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima
Ex.mos Senhores Vereadores
Membros da Assembleia Municipal
Senhoras e senhores:

Assunto: Resposta a requerimentos apresentados na última AM, a 25 de Fevereiro.

Começo por agradecer ao senhor Presidente da Mesa o facto de ter efectuado as diligências necessárias no sentido de garantir o esclarecimento sobre os três requerimentos por mim apresentados.
Agradeço também ao senhor presidente da Câmara Municipal as respostas claras e objectivas que proporcionou, contudo, permita-me senhor Presidente, questionar:
1. Relativamente ao cumprimento da proposta “Um rio próximo das pessoas”, aprovada por maioria na Assembleia Municipal de 26 de Fevereiro de 2010, onde refere que “No prazo de um ano, a Câmara Municipal deve apresentar os estudos, de modo a poder gerir e obter um consenso alargado na comunidade local sobre o projecto a implementar”, soube na resposta ao requerimento que “o estudo engloba distintas componentes: hidrológica, hidráulica, físico-química e biológica” e que “será, consoante as diferentes áreas de especialidade e domínio dos conhecimentos técnicos claramente reconhecido, dividido em três partes”.
A questão que se coloca é saber porque é que esta AM não foi informada em devido tempo do ponto da situação dos estudos efectuados? A questão que se coloca é saber porque não cumpriu a CM a deliberação da AM?
Valerá a pena fazer estas reuniões da AM, se não ligam às nossas deliberações?
2. Quanto ao pedido de esclarecimento sobre o ponto de situação relativo ao “Projecto de Localização do Centro Educativo de Ponte de Lima e Parque Urbano/ Área de Lazer com vista à obtenção de Declaração de Interesse Público Municipal e de Declaração de Imprescindível Utilidade Pública”, soube na resposta ao requerimento que “o mesmo não obteve parecer favorável por não ter enquadramento legal (…) pelo que não estão reunidas, de momento, as condições para a aquisição do prédio em questão”.
A questão que se coloca é saber porque não deram ouvidos às preocupações manifestadas por alguns de nós na Assembleia Municipal de 26 de Fevereiro de 2010, tendo obrigado a que eu próprio e o Doutor Paulo Morais votássemos contra com a seguinte declaração de voto: “voto contra, dado o ónus que incide sobre o terreno”? Do registo dessa votação constam, na acta, 4 votos contra e 4 abstenções. Afinal tínhamos razão!
3. Sobre a situação e/ou resultado da última auditoria à Câmara Municipal realizada em 2010, sendo a AM um órgão que tem como função a fiscalização do exercício da CM, acham bem ter que ser um membro a pedir esclarecimentos sobre o ponto de situação de uma auditoria que decorreu em 2010?
Não seria mais lógico e mais respeitador por este órgão que fosse a própria CM a tomar a iniciativa de nos informar que houve uma auditoria e quais foram os seus resultados?

Para o futuro sugiro maior elevação no espírito democrático e maior respeito por este órgão, uma vez que, creio eu, temos um objectivo comum: servir os Limianos com espírito de serviço público e espírito de servir o bem comum.

Ponte de Lima, 29 de Abril de 2011
O membro eleito pelo PSD
José Nuno Torres Magalhães Vieira de Araújo

“O Desenvolvimento da Suinicultura como Pólo Dinamizador da Agricultura Local e Regional”

Ex.mo Senhor Presidente da Mesa da Assembleia Municipal, senhores secretários
Ex.mo Senhor Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima
Ex.mos Senhores Vereadores
Membros da Assembleia Municipal
Senhoras e senhores:

Assunto: Discussão e votação da proposta “O Desenvolvimento da Suinicultura como Pólo Dinamizador da Agricultura Local e Regional”.

No passado mês de Junho, nesta Assembleia, O PSD apresentou a proposta “Sinais de nova esperança - A agricultura em Ponte de Lima”.
Na altura referimos e hoje repetimos que a apresentação da proposta por nós apresentada sobre a política agrícola no concelho de Ponte de Lima se devia ao facto de considerarmos que “o sector agrícola está muito debilitado actualmente e é um dos que mais poderá crescer no futuro”.
Hoje, passados 10 meses, deparamo-nos com uma outra proposta, desta feita da CDU, no âmbito da agricultura. É sinal que se reconhece ser necessário repensar a agricultura em Ponte de Lima. Embora a nossa proposta tenha sido rejeitada pela maioria, felizmente alguém ficou sensibilizado para a matéria em questão!
Na altura referi e hoje repito que “É preciso debater e apresentar sugestões, de modo a conseguirmos promover uma melhoria das condições de vida das pessoas”. Felizmente hoje alguém vem novamente apresentar sugestões.
A proposta agora apresentada, tal como o projecto da Câmara Municipal relativo às hortas urbanas comunitárias de Ponte de Lima, na Veiga de Castro, que proporciona espaço para ocupação de tempos livres, e promove o uso e ocupação do solo, vai ao encontro de uma das mensagens que o PSD emitiu nas últimas eleições autárquicas "Afiançar que não haja um palmo de terra por cultivar garantindo produtos genuínos no mercado. De facto, sentimos que temos que fazer algo e há muito caminho a percorrer no sentido de dar um apoio efectivo às pessoas. Com isto, queremos dizer que, para nós, independentemente dos projectos ou propostas terem origem num outro partido político, a agricultura é um dos sectores em que devemos realmente apostar no nosso concelho. Em primeiro lugar, interessam as pessoas e o nosso território.

A proposta da CDU, não sendo perfeita, merece a nossa maior consideração, dado a temática em questão. Desta feita, partindo para uma análise dos seus seis pontos, pretendemos referir o seguinte:
1. Quanto à construção de um matadouro, consideramos que deve ser realizado um estudo prévio, de modo a equacionar-se a sua inteira necessidade. Das três, uma: Ou se concluirá que é necessário e há viabilidade ambiental, económica e financeira; OU serão efectuadas plataformas de entendimento, que interessem aos nossos produtores, com os vários que existem na região; OU, como outra alternativa, poderá ser implementada a criação de uma unidade móvel de abate que permita realizar os abates nas explorações, o que permitirá revitalizar a fileira tendo como principal pólo os produtores.
2. No ponto 2 da proposta, a CDU vem propor “que o Município estabeleça como prioridade imediata de curto prazo a concretização do Projecto de criação e produção da Raça Bísara”. Sem dúvida, que também nós consideramos ser importante valorizar a fileira da produção de suínos no nosso concelho, por isso, na altura, propusemos “Constituir-se uma fileira de produção, com vantagens e lucros para todos”. Como é do conhecimento público o sarrabulho é um excelente cartão de visitas da nossa vila e gastam-se muitos quilos de carne de porco que poderiam ser adquiridos a produtores do concelho. Neste ponto, consideramos que os restaurantes e a confraria do sarrabulho deveriam ser ouvidos e envolvidos, contudo, se for dada preferência ao porco bísaro, que quando criado em sistema extensivo possui melhores qualidades organoléticas (sabor, aroma), cremos ser pertinente desenvolver esforços no sentido de sensibilizar os restaurantes e os produtores para que se encontre um equilíbrio no preço, respeitando os produtores e quem é fornecido.

Ainda neste ponto, gostaríamos de recordar que em Junho, propusemos que seria de bom tom “Inventariar potencialidades de criação de produtos de qualidade e respectiva certificação com origem no concelho, com possibilidades e comercialização em feiras e mercados realizados especificamente para o efeito”. Assim, consideramos esta via - a concretização do Projecto de criação e produção da Raça Bisara - uma forma de garantir que o sarabulho de Ponte de Lima seja confeccionado com Bísaro oriundo do concelho, implicando a certificação dos produtores e dos restaurantes. Desta forma, estaremos perante uma medida estrutural para fomentar a actividade, explorando mais-valias de fileira associadas a um produto gastronómico amplamente reconhecido - o sarrabulho limiano.

Continuamos com a convicção de que temos que criar canais de escoamento dos nossos produtos com a qualidade devidamente certificada. Consideramos mesmo, já o dissemos em Junho, que as cooperativas, mais do que uma central de vendas, têm de ser centrais de compras rentabilizando os produtos dos nossos agricultores, tal como afirmamos aquando das últimas autárquicas.

3. Relativamente ao protocolo com a Escola Superior Agrária para, no prazo de seis meses, ser elaborado um estudo técnico-científico e posterior acompanhamento na criação da Raça Bísara, somos apologistas que o estudo não só incida sobre as características zootécnicas da raça, mas também reflicta sobre a pertinência da realidade da suinicultura extensiva ou semi-extensiva no concelho, de modo a perspectivar o seu potencial de desenvolvimento.

4. Quanto à formação da Associação de Produtores da Raça Bisara no Concelho de Ponte de Lima, concordamos que o Município seja o principal impulsionador, mas, no nosso entender, não deve fazer parte integrante, pois entendemos que a actividade empresarial dever estar apenas reservada aos privados. Acresce lembrar, neste ponto, que já existe uma associação da raça, pelo que sugerimos também o trabalho em parceria com o que existe, de modo a podermos obter o apoio de quem tem muitos anos de experiência.

5. No que diz respeito ao Projecto a apresentar ao PRODER (programa de desenvolvimento rural, instrumento estratégico e financeiro de apoio ao desenvolvimento rural do continente), para o período 2007-2013, faz todo o sentido, mas importa saber o que se quer produzir, com que características e quais os objectivos.
6. O último ponto parece-nos pertinente, uma vez que é importante realçar que a CM tem por obrigação e nem sempre o faz “Executar e velar pelo cumprimento das deliberações da assembleia municipal (Lei 169/99, de 18 de Setembro)”.

Urge mudar de rumo. É preciso agir!
É um facto que Ponte de Lima continua a exibir um conjunto de problemas que ainda não conseguiu resolver, e que deveriam constituir prioridades absolutas de acção no futuro próximo.
Aproveitamos a oportunidade para voltar a dizer que faz todo o sentido que no nosso município seja criado um Gabinete de Apoio efectivo ao Agricultor. De facto, precisamos de uma informação clara ao consumidor, de menos burocracia e de uma simplificação na regulamentação.
Face ao exposto, a proposta da CDU, de um modo global, parece-nos positiva e nosso sentido de voto relativamente a esta proposta é favorável, até porque não há nenhum ponto que mereça totalmente a nossa rejeição.
Ponte de Lima, 29 de Abril de 2011
O membro eleito pelo PSD
José Nuno Torres Magalhães Vieira de Araújo