quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Varrer CDS/PP limiano



“Câmara embarga obra na casa do vereador… das obras particulares”, foi este o título jornal “Cardeal Saraiva” de 22 de outubro. Volvidos quatro meses, não assistimos a nenhuma consequência no executivo camarário limiano. 

O vereador Vasco Ferraz, embora tenha admitido que se tenha tratado “de uma situação de ilegalidade”, continua em funções, como se nada de grave tivesse acontecido! Como pode continuar a fiscalizar na CM? E se todos os cidadãos limianos fizerem o mesmo? A isto chama-se administração danosa. É crime. No entanto, embora esta notícia tenha vindo a público, a Justiça não o acusou. Mais um português que que assumiu um crime e ficou impune!

Infelizmente, esta situação não é inédita no CDS/PP de Ponte de Lima. O senhor vice-presidente, Gaspar Martins, alegadamente, ausentou-se da sua residência e da Câmara Municipal, em 1999, impedindo, desta forma, uma ação da Justiça, conseguindo a prescrição e arquivamento de um processo-crime em que era réu. Este mesmo vereador desrespeitou, em 2009, uma decisão da Assembleia Municipal, aprovada por maioria, e fez obra como se nada fosse, tendo sido decidido que a Câmara Municipal devia promover estudos, no prazo de um ano, para a requalificação do Rio Lima e seus afluentes, de modo a poder gerir e obter um consenso alargado na comunidade local sobre o projeto a implementar. 

Cometem ilegalidades e continuam a agir impávidos e serenos, como se estivessem acima da lei.

Tais atitudes remetem para uma total falta de moralidade, completamente reprovável e não podem ter a cobertura do senhor Presidente da Câmara Municipal, Eng.º Vítor Mendes. 

De qualquer modo, isto só prova que o CDS/PP necessita de uma limpeza, até porque nenhum dos atuais vereadores do executivo é PP original. Segundo consta, o senhor Presidente é ex-PSD, o senhor vice-presidente é ex-PS, o vereador “das obras particulares” é ex-PCP… e os três, contrariamente ao sentir de muitos limianos, são a favor da construção dos novos paços do concelho. De facto, o CDS/PP na Câmara Municipal de Ponte de Lima está conspurcado!

Agora estão preocupados com o vereador do Movimento 51, pois acusam-no de "empobrecer a democracia, por falta de frontalidade, participação cívica e política" e "falta de respeito pelo órgão para que foi eleito”. Pelo menos, têm consciência da sua existência e repararam que há, de facto, diferenças. Trata-se de um vereador incómodo, não só para o partido do poder em Ponte de Lima desde 1974, porque não estava habituado a ter oposição, mas também para os restantes porque não estavam habituados a fazer oposição.

Afinal o vereador independente, eleito pelo Movimento 51, Filipe Viana é incómodo, não só pela presença, mas, pelos vistos, também pela sua ausência. Porém, mesmo chegando, por vezes, atrasado às reuniões de CM, parece que ainda vai a tempo para que algumas das suas propostas sejam, posteriormente, por eles aproveitadas. Porventura, serão eles pais ou professores do vereador independente, ou será que este é do partido deles para que lhe seja por eles marcada falta?

Esta é a realidade de um vereador sem medo que trabalha e dedica-se à causa, contacta a população, sem abandonar as pessoas que integraram o projeto autárquico, participa em muitas assembleias de freguesia, organiza conferências e colóquios, divulga a sua ação como vereador e justifica as suas votações, apela à democracia participativa. Trata-se, de facto, de um vereador sem medo, pois é o primeiro a fazer real oposição ao CDS PP desde o 25 de abril.

Assim se comprova que “o maior cego é aquele que não quer ver”, pois o CDS/PP tem no atual executivo, pelo menos, dois vereadores com quem se deve, deveras, preocupar: um (vice-presidente) que levou pancada na praça pública, outro (vereador das “obras particulares”) que não fiscalizou a sua própria casa.

Em suma, o que os portugueses precisam não é de lições de moral, mas sim de governantes competentes e sérios.

In Cardeal Saraiva, 15 de fevereiro de 2016