domingo, 4 de setembro de 2011

Quem determina o currículo?

Eis a grande questão: Quem determina o currículo? Quem dá o sentido das orientações?
Um currículo pressupõe escolhas, logo há que saber: Quem escolhe? O que escolhe? Para quando? A quem se destina? Quais os critérios? O que tem em consideração? Quais as competências? Como avaliar?
Quem tem o poder de decidir, ou seja, de definir a política educativa, é o poder político, no entanto, além deste tipo de poder existem outros que influenciam o currículo, nomeadamente, os professores, os pais e os parceiros económicos. Os professores falam a muitas vozes, dados os inúmeros sindicatos, e são, por isso, prejudicados na sua influência; os pais, bem como a Confederação Nacional das Associações de Pais, reclamam do serviço e reclamam o serviço; os parceiros económicos fazem pressões no sentido de exigir que os formandos sejam bem preparados para o mundo do trabalho. Para além destes, podemos ainda considerar como influentes no currículo, os académicos e as editoras. Enfim, uma enorme variedade de influentes!
Conforme os estilos e as suas convicções, os políticos são mais ou menos sensíveis a todas estas influências. Neste contexto, facilmente podemos depreender que a elaboração do currículo pressupõe uma negociação, de forma a conseguir-se um equilíbrio entre os mais diversos pontos de vista e a poder garantir-se os direitos humanos em termos de aprendizagens e da formação dos cidadãos.
O Exército e a Igreja, numa primeira fase, os sindicatos e os partidos, depois, propuseram visões globais da vida e conseguiram regulamentar a sociedade, no entanto, hoje tudo isto está a perder força e surgem vários grupos sociais (organizações não governamentais e voluntariado) que trabalham por um interesse mais ou menos específico ou particular: movimentos culturais, artísticos, eclesiásticos, ecologistas, populares, sociais e de intervenção cívica, entre outros, contudo não têm capacidade de propor uma visão global, nem tão pouco conseguem criar regras.
Atualmente, em Portugal, há uma centralização do poder sobre o currículo e com a globalização a tendência será uniformizar a sociedade e, como consequência, perder a individualidade. Embora tenhamos consciência de que o motor da globalização é a economia, não nos podemos esquecer que estamos também perante um fenómeno cultural. Com efeito, a relação entre culturas faz-se dentro da mente de cada um e permanentemente se reformula, pelo que com a globalização cultural terão que existir adaptações, pois as pessoas lidam diariamente por todos os lugares por onde a vida passa. Ainda neste contexto, há que saber preservar e valorizar a identidade.

Facilmente se depreende que a tarefa não é fácil, contudo o processo de decisão da escola, em termos de currículo, deve ser encadeado para permitir equilibrar entre dois pares de contrários, ou seja, entre a unidade e a diversidade e entre a coordenação e a autonomia profissional do professor.

Deste modo, deve existir uma articulação eficaz entre os órgãos de gestão, os órgãos intermédios, os conselhos de turma e os professores, tendo em conta o triângulo didático currículo, professor, aluno, sem esquecer a essência de cada um.

Sem comentários: