domingo, 8 de janeiro de 2012

Intervenção destinada aos Militantes do PSD do distrito de Viana do Castelo

Senhor Presidente da Mesa da Assembleia Distrital
Senhor Presidente da Comissão Política Distrital

Assunto: “Intervenção destinada aos Militantes do PSD do distrito de Viana do Castelo”
– Reunião da Assembleia Distrital no dia 7 de janeiro de 2012.

Começo por felicitar o Sr. Presidente da Distrital por ter sido considerado a personalidade do ano 2011, segundo o jornal “Alto Minho”, muito conceituado na imprensa local.
Aproveito a oportunidade para agradecer a colaboração de todos no projeto do qual fui co-fundador, o IFCMP (Instituto de Formação Carlos Mota Pinto), e faço votos de muito êxito para o companheiro Pedro Cruz e restantes membros da equipa. Uma palavra especial para a Dra. Helena Marques e para o Dr. Eduardo Teixeira, pois agradeceram-me todo o empenho efetuado, um sinal de gratidão e reconhecimento que fica bem, é de bom-tom e é próprio de pessoas educadas.

Contudo, considero que nem tudo vai bem no reino da política distrital…
Trata-se da retirada de confiança política em Ponte de Lima e em Monção aos únicos vereadores eleitos pelo PSD nos respetivos concelhos. Ambos deram a cara pelo PSD, partido liderado na distrital por V Exa, dr. Eduardo Teixeira. O caso reporta para dois vereadores incómodos e sem medo, pois disponibilizaram-se quando mais ninguém o quis fazer no seu concelho e fizeram-no com o apoio do partido a nível distrital e nacional. Foram eleitos com base num programa eleitoral e estão a cumprir o que prometeram, o que é raro na política atual.
A situação é ainda mais insólita, se tivermos em conta que o dr. Filipe Viana apoiou as candidaturas do Sr. Presidente da Distrital nos três atos eleitorais a que se sujeitou, tendo tornado público o seu apoio no último ato eleitoral para a distrital.
Em Ponte de Lima, o vereador é incómodo, não só para o partido do poder em Ponte de Lima desde 1974, o PP, porque não estava habituado a ter oposição, mas também para o seu próprio partido, porque não estava habituado a fazer oposição. Trata-se de um vereador sem medo, pois é o primeiro a fazer real oposição ao CDS PP desde o 25 de Abril, trabalha e dedica-se à causa, contacta a população, sem abandonar as pessoas que integraram o projeto das últimas autárquicas candidatando-se pelo PSD, participa em muitas assembleias de freguesia, organiza conferências e colóquios, divulga a sua ação como vereador, justifica as suas votações e apela à democracia participativa. Esta é a realidade!
Mas alguém pode achar bem retirar-se a confiança política a um vereador que trabalha? Como é que é possível o PSD ter dois vereadores eleitos (únicos nos respetivos concelhos!) com o apoio inequívoco da distrital e agora andarem “às turras”? Como se pode compreender que a distrital tenha manifestado a sua solidariedade à Comissão Política de secção de Ponte de Lima? Com que argumentação? Quem fica mal? O PSD, ou a distrital, ou os vereadores? A resposta é fácil: quem fica mal é o PSD! Quem consegue compreender e aceitar estas situações? Eu não!
Deixemo-nos de fantochadas! Parece-me a mim que se está a cair num profundo ridículo. Considero este tipo de atitudes vergonhosas e reveladoras de um espírito mesquinho, que me transtorna.
O que fez, entretanto, o sr. Presidente da distrital? Manifestou a sua solidariedade às comissões políticas de secção. Manifestamente pouco!
Questionado sobre a situação, comunicou-me o sr. Presidente da distrital que a decisão era local, ou seja, era da comissão política de secção. Até aqui, estamos todos de acordo, mas, então, qual é o papel da distrital? Ao não marcar uma posição clara e inequívoca, a distrital está a dizer que concorda, porque “quem cala consente”. Ao dizer que concorda, está claramente a trair a confiança que depositou nos dois vereadores eleitos pelo PSD! Quem elegeu os vereadores foram os votos dos eleitores, é certo, mas para serem candidatos pelo PSD tiveram a anuência da Comissão Política Distrital e não das atuais comissões políticas de secção. Sejamos claros, há má fé por parte das comissões políticas de secção em relação aos respetivos vereadores e a Comissão Política Distrital deixou que tal acontecesse, isto é, foi na onda.
Entendo que quando existe um conflito desta natureza, devem juntar-se as partes e quanto mais cedo se fizer, tanto melhor. Sugeri isto mesmo ao sr. Presidente da distrital há dois anos em Ponte de Lima. Em determinado tempo, eu próprio pedi ao dr. Filipe Viana que não organizasse mais jantares e o vereador cumpriu com a sua palavra. Acontece, porém, que, esse mandato, para o qual havia o compromisso, acabou porque a comissão política de secção decidiu antecipar o ato eleitoral que seria apenas no próximo mês de Maio, não permitindo, desta feita, que novos militantes, entretanto inscritos, pudessem votar.
Vivem-se em Ponte de Lima e em Monção tempos difíceis para o reino laranja e a Comissão Política Distrital tem que assumir as suas responsabilidades, pois permitiu que fossem de rutura em rutura até à rutura final! Estas retiradas da confiança política, lamento muito, são atitudes premeditadas, tenho que concluir.

Um partido que não aceita divergências de opinião, num sistema dito democrático, dificilmente alcançará sucesso. Porém, há que realçar que a democracia só existe verdadeiramente se existir pluralismo político e a pluralidade está na aceitação da divergência de opiniões. Na minha opinião, a diversidade traz, muitas vezes, novas ideias e novas dinâmicas à nossa comunidade. Urge saber respeitar a diversidade. Diferentes ideias em confronto, se bem geridas, resultam num melhor fim do que várias pessoas a pensarem da mesma maneira. Nestes dois casos, de Monção e de Ponte de Lima, poderemos mesmo afirmar que um partido dividido mais facilmente será vencido, o que é de lamentar.
Para além de tudo isto, quero manifestar ainda a minha indignação face ao estado da política e dos políticos em Portugal! O povo está cansado de os ouvir mentir!
Concordo plenamente com Pedro Passo Coelho quando diz que "As medidas são minhas, mas o défice que as obriga não é meu", contudo é fundamental que o Governo explique, claramente, quais as razões que levaram a tomar as medidas duríssimas que está a implementar e que, também de forma equitativa e proporcional, distribua os sacrifícios por todos os portugueses.
Nós, portugueses, merecemos um esclarecimento pleno da situação. Apelo para que se revele de uma vez por todas o buraco do BPN, da Madeira, das parcerias público-privadas e da má gestão socialista dos últimos anos. Apelo para que se use de total transparência na gestão pública.
Pedro Passos Coelho parecia ser diferente (consta que foi o único deputado da nação a abdicar de uma subvenção a que tinha direito!), mas, para o ser realmente, teria que pedir a demissão e dizer aos Portugueses que não podia cumprir o que prometeu. Apresentava um novo programa e ia novamente a votos. Isso, sim, marcaria toda a diferença!
Não se consegue reformar Portugal contra as pessoas! Não se pode contar com os Portugueses, prometendo uma coisa e fazendo outra! Preocupa-me muito a fraqueza da palavra dada.
Há, entretanto, algo de positivo que eu gostaria de realçar na ação governativa, a coragem do governo em implementar novas reformas, nomeadamente a Reforma da Administração Local, os novos preços dos medicamentos, sendo mais baratos, a casa pré-fabricada MIMA, com escritório em Viana do Castelo, e a atuação dos três deputados do PSD eleitos pelo círculo de Viana do Castelo, incluindo naturalmente o dr. Eduardo Teixeira, que prima pela presença constante no distrito, não esquecendo quem o elegeu.
Quanto a mim, sou militante de um partido político por opção de cidadania, mas considero-me um homem livre nas minhas convicções.
Quanto a mim, cheguei, definitivamente, a duas conclusões: Não sou político e Não consigo jogar em dois tabuleiros simultaneamente.
Ninguém deve estar na política para se incomodar. Terá que ser por espírito de serviço, devoção e gosto. Só, assim, fará algum sentido.
Bem hajam.
José Nuno Torres Magalhães Vieira de Araújo (militante nº11625)

1 comentário:

joaquim dantas disse...

Muito bem José Nuno uma coisa eu digo há por aí políticos que quando se lhe dá uns tostões mais sem eles o merecerem de seguida cospem no prato onde comeram. Contudo teremos mais eleições para responder a esses mamões do psd distrital.