quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Política distrital: quem fica mal é o PSD

Considero que nem tudo vai bem no reino da política distrital laranja, em Viana do Castelo.
A retirada de confiança política em Ponte de Lima e em Monção aos únicos vereadores eleitos pelo PSD nestes concelhos, pelas respetivas comissões políticas de secção é um erro grave. Ambos deram a cara pelo PSD, partido liderado na distrital pelo, agora deputado, dr. Eduardo Teixeira.
O caso reporta para dois vereadores incómodos e sem medo, pois disponibilizaram-se quando mais ninguém o quis fazer no seu concelho e fizeram-no com o apoio do partido a nível distrital e nacional. Foram eleitos com base num programa eleitoral e estão a cumprir o que prometeram, o que é raro na política atual.
A situação é ainda mais insólita, se tivermos em conta que o dr. Filipe Viana apoiou as candidaturas do Sr. Presidente da Distrital nos três atos eleitorais a que se sujeitou, tendo tornado público o seu apoio no último ato eleitoral para a distrital.
Como é que é possível o PSD ter dois vereadores eleitos (únicos nos respetivos concelhos!) com o apoio inequívoco da distrital e agora andarem “às turras”? Como se pode compreender que a distrital tenha manifestado a sua solidariedade à Comissão Política de secção de Ponte de Lima? Com que argumentação? Quem fica mal? O PSD, ou a distrital, ou os vereadores? A resposta é fácil: quem fica mal é o PSD! Quem consegue compreender e aceitar estas situações? Eu não!
Mas qual é o papel da distrital? Ao não marcar uma posição clara e inequívoca, a distrital está a dizer que concorda, porque “quem cala consente”. Ao dizer que concorda, está claramente a trair a confiança que depositou nos dois vereadores eleitos pelo PSD! Quem elegeu os vereadores foram os votos dos eleitores, é certo, mas para serem candidatos pelo PSD tiveram a anuência da Comissão Política Distrital e não das atuais comissões políticas de secção. Sejamos claros, há má fé por parte das comissões políticas de secção em relação aos respetivos vereadores e a Comissão Política Distrital deixou que tal acontecesse, isto é, foi na onda.
Vivem-se em Ponte de Lima e em Monção tempos difíceis para o partido laranja e a Comissão Política Distrital tem que assumir as suas responsabilidades, pois permitiu que fossem de rutura em rutura até à rutura final! Estas retiradas da confiança política, lamento muito, são atitudes premeditadas, tenho que concluir.
Um partido que não aceita divergências de opinião, num sistema dito democrático, dificilmente alcançará sucesso. Porém, há que realçar que a democracia só existe verdadeiramente se existir pluralismo político e a pluralidade está na aceitação da divergência de opiniões. Na minha opinião, a diversidade traz, muitas vezes, novas ideias e novas dinâmicas à nossa comunidade. Urge saber respeitar a diversidade. Diferentes ideias em confronto, se bem geridas, resultam num melhor fim do que várias pessoas a pensarem da mesma maneira. Nestes dois casos, de Monção e de Ponte de Lima, poderemos mesmo afirmar que um partido dividido mais facilmente será vencido, o que é de lamentar.

In Jornal Alto Minho, 12 de janeiro de 2012

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