terça-feira, 1 de dezembro de 2020

Exclusividade de Esquerda


Após os primeiros resultados das eleições legislativas regionais nos Açores, realizadas no passado dia 25 de outubro, desejei intimamente que os partidos à direita do PS se entendessem de modo a poder governar, o que veio a confirmar-se dias depois.

Por um lado não percebo tanta perturbação com o Chega! Que António Costa o valorize, na AR, por uma questão tática, de modo a tentar desgastar o PSD, tirando-lhe o protagonismo, ainda posso compreender. Agora que um cidadão comum o fique a sobrevalorizar, não me parece bem. Na minha opinião, o BE e o Chega são idênticos na sua ação, pois agarram-se a temas trending para dar nas vistas. Assim como não digo que o BE é de extrema esquerda, também não digo que o Chega é de extrema direita, nem tão pouco isso é, para mim, o mais importante. De facto, são partidos legítimos, reconhecidos pelo Tribunal Constitucional. Mas, continuando nos factos: De facto, quando Pedro Passos Coelho ganhou as eleições em 2015, não vi António Costa, nem outros socialistas, indignados quando formaram a conhecida “geringonça”, com acordos com a esquerda. De facto, o PSD formou uma coligação de governo, tal como já aconteceu no passado, em 1980, com o CDS-PP e com o PPM e não com o Chega. E "contra factos não há argumentos".

Por outro lado, analisando os críticos deste acordo, percebo a sua indignação. Por parte dos socialistas, estes têm-nos habituado a contradições permanentes na sua ação, quer naquilo que eles podem fazer e os outros não, tomando como exemplo a formação de um governo da República Portuguesa sem terem ganho as eleições legislativas, quer na “palavra dada, palavra honrada”, tantas vezes contradita. Acresce ainda referir, neste contexto, o desconfinamento desajeitado e repleto de incoerências que ninguém consegue explicar e compreender. Também percebo a indignação de alguns socias democratas que estão, desde o seu início, contra a liderança de Rui Rio, pois anseiam pela sua oportunidade, eventualmente a pensar no seu umbigo, acrescida da de Pacheco Pereira que, realmente, nunca foi de direita. Aqui há honestidade intelectual! Nada mais. Porém, permitam-se discordar desta argumentação.

Em termos de conclusão, questiono: Afinal qual é o espanto? André Ventura foi candidato pelo PSD a uma Câmara Municipal e, por isso, com ele terá algumas afinidades. O PSD, nos Açores, chegou a um acordo baseado em quatro situações com as quais quase todos concordamos. Uns podem e outros não? Afinal apregoam a inclusão, mas reina a exclusão. Terá a esquerda a exclusividade? Será que defendem casamentos tendenciosos? Será que também eu sou fascista?

Texto publicado no dia 25 de novembro de 2020, no jornal ON "Odivelas Notícias" (link)

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