quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

Literacia digital

Já não é uma questão de moda, pois, nos dias de hoje, a literacia digital é uma forma de se promover uma cidadania ativa, que se quer simultaneamente informada, dinâmica e inovadora. Por isso mesmo, regista-se um crescimento no uso das novas tecnologias da informação e da comunicação (TIC) nas mais diversas áreas da sociedade e do conhecimento, designadamente no âmbito da cidadania e da educação.
No que diz respeito à cidadania, importa aceder às TIC para o seu exercício pleno, pois os meios digitais, não só favorecem a responsabilidade e a democracia participativa, mas também contribuem para a construção de pontes e articulações produtivas através de diversas práticas. Não é por acaso que hodiernamente existe mais do que um portal, como o das finanças, da justiça, da saúde, entre outros, bem como diversas plataformas digitais e questionários online, para além do indispensável e-mail e das redes sociais. Mesmo em termos de promoção do emprego, as competências digitais são uma mais-valia, pois protegem a empregabilidade ao proporcionar trajetos de mobilidade ascendente e ao diminuir significativamente o risco e a duração do desemprego, contribuindo, também, para o aumento das probabilidades de reinserção no mercado de trabalho.
Em termos de educação, é de realçar que muitos são os professores com formação nas novas tecnologias, atendendo ao seu carácter inovador e à necessidade de acompanhar novas realidades educativas, com o intuito de ver transformadas as práticas letivas na sala de aula e a organização de gestão dos recursos humanos. Isto é manifesta prova de recetividade e disponibilidade por parte do corpo docente das escolas, no sentido de dar um passo em frente e de acompanhar o tempo moderno, numa aventura tecnológica diferente e inovadora. Por isso, nunca é demais ressalvar a categoria com que os professores responderam à necessidade do ensino à distância a que estivemos sujeitos devido à pandemia Covid-19.
Neste contexto, considera-se que este tipo de projetos, com recurso às TIC e à utilização de dispositivos móveis, privilegiando experiências pedagógicas com recurso às ferramentas digitais, favorece a articulação de conteúdos entre as mais diversas disciplinas, das ciências às humanidades, tornando mais motivadoras e apelativas as aprendizagens dos alunos. Todavia, convém salientar que o ensino não pode ser só isto, uma vez que o conhecimento da literatura, das ciências e das artes é essencial. Mas muito mais importante que tudo isto é a parte humana. Esta não pode, de facto, ser descurada. Os aspetos relacionais, presentes no contacto com os alunos e na relação interpessoal, presente na escola e na sociedade em geral, são insubstituíveis.
Entender a literacia digital como um parceiro imprescindível na vida de cada pessoa é essencial, mas pensar que esta substitui as relações humanas não é admissível. Haja razoabilidade e bom senso, sem medo de novos saberes nem dos computadores! De qualquer modo, e porque as novas tecnologias estão em permanente evolução, são necessárias novas competências, porém, urge investir seriamente nas infraestruturas informáticas necessárias aos alunos e ao funcionamento das escolas.

Texto publicado no dia 10 de dezembro de 2020, no jornal ON "Odivelas Notícias" (link)

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