quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Casamento homossexual: equívocos dos deputados.

A maioria dos deputados na Assembleia da República, ao aprovar o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo incorreu em dois equívocos. O primeiro situa-se ao nível do conceito, o segundo é a nível político.
A nível do conceito o equívoco é enorme, pois qualquer dicionário remete para a união entre “homem e mulher” e na maior parte das sociedades, só o casamento entre pessoas sexo diferente é reconhecido. Recentemente, alguns países (Holanda, África do Sul, Canadá, Noruega, Bélgica, Espanha e Suécia) decidiram reconhecer também o casamento entre duas pessoas do mesmo sexo, contudo não alteraram o conceito, nem tão pouco a etimologia da palavra bem como o seu valor de origem. Portugal seguiu-lhes o rasto, talvez por querer estar nos primeiros 10 lugares de um ranking qualquer, num processo político estranho.
Num tempo em que os políticos deixam cada vez mais muito a desejar porque não respeitam os eleitores, prometem e não cumprem, argumentam como lhes convém, no mínimo, exigia-se que os deputados da nação deferissem a petição apresentada na Assembleia da República e ouvissem a voz de quem os elegeu. Contudo, não foi o que fizeram! Entenderam que a maioria de esquerda basta para legislar sobre esta matéria, entenderam que pelo facto desta proposta constar do programa do PS aquando do último acto eleitoral era sinónimo de aprovação por parte de todos os seus eleitores!
Esta posição da maioria dos deputados, além de ser uma total falta de respeito pelos cidadãos, roça a prepotência dos políticos e coloca em perigo a própria democracia. Grave é ainda constatar que aqueles em quem votamos não defendem as nossas próprias convicções e decidem, como se representassem a si próprios, votar com base na sua própria consciência sem respeitarem a posição oficial do partido e dos eleitores que os elegeram. Depois fazem de conta que estão preocupados com a abstenção, fazem de conta que estão preocupados com o povo, fazem de conta que estão ao serviço dos outros e até se vitimam. Será que vivemos numa ditadura disfarçada?

José Nuno Araújo
In, Jornal de Notícias (Página do Leitor), 15Jan.2010

4 comentários:

JMotta disse...

...A verdade é que não elegemos os deputados. Votamos no partido que queremos governe o país e, depois, aparecem lá (na AR) uma série de tipos que não conhecemos de lado nenhum...

João Motta

Luis Vazquez -12º C disse...

Não concordo com sua opinião. O direito de escolher a sua orientação sexual cabe a quem o faz e não a alheios, sendo que esta decisão pode mais tarde originar um relacionamento sério e assumido (casamento), desde que tal decisão não interfira com a vida e o bem-estar das outras pessoas, o casal, a meu ver, tem todo o direito de o fazer. Portanto se tivessem partido para um referendo todos os eleitores poderiam votar, demonstrando assim a sua decisão. Mas tal decisão não cabe ser feita pela maioria dos eleitores ou os que na minha opinião nada tem a ver com esta decisão, mas sim os que futuramente queiram realizar um casamento homossexual.

Manuel Pereira. disse...

De facto, os deputados aparecem lá, mas estão nas listas de cada partido em que votamos e ordenados devidamente.

Manuel Pereira. disse...

Dou-te razão na questão política do tema. Não te dou razão quanto à questão linguística, e facilmente perceberás porquê.
Quanto ao casamento ou união de casais do mesmo sexo, parece que o Papa Francisco tem algo a dizer. Aguardemos!