quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Legislativas 2002: O voto em casa

Face à demissão do actual governo e à situação em que o país se encontra, é muito importante cumprirmos o nosso dever cívico, votando no próximo dia 17 de Março. Não nos devemos demitir deste processo eleitoral, pois se não escolhermos nós, estamos a permitir que outros o façam em nossa vez. A abstenção pode ser entendida como uma demissão ou mesmo como um acto de falta de coragem. Embora já estejamos no século XXI, o voto em casa ainda não conta.
Nas próximas eleições, mais do que elegermos os nossos representantes na Assembleia da República, somos chamados a escolher um Primeiro Ministro para Portugal. Entre os candidatos, há dois com fortes possibilidades de ganhar: o Dr. Ferro Rodrigues ou o Dr. Durão Barroso.
Sabendo que uma grande parte do discurso e das promessas serão idênticas, vejamos algumas diferenças para melhor podermos optar: um é socialista, outro social democrata; um é líder tendo sido eleito após ter sido a terceira escolha das cúpulas do seu partido, outro é líder tendo sido reeleito após ter assumido a sua candidatura em dois congressos do seu partido; um admite uma aliança pós eleitoral com a CDU, outro admite-a com o PP; um é de esquerda, outro de direita; um é a favor do aborto, outro é contra; um é oriundo de um governo repleto de indefinições e indecisões, a quem denominaram de "faz de conta", outro é proveniente de um governo reformista, a quem denominaram de "de betão".
A nossa democracia e a liberdade permitem que cada cidadão, com a idade igual ou superior a dezoito anos, possa escolher, sem esquecermos que o voto, antes de ser para nós um dever, foi um direito conseguido por outros. Constantemente criticamos e ouvimos críticas e, por vezes, ouvimos dizer que são todos iguais e que tanto fazem uns como outros, contudo devemos aproveitar esta oportunidade para optarmos entre aqueles que se candidatam.
Votando, temos o direito de exigir a quem foi eleito que corresponda com as promessas que fez. Os deveres e os direitos estão intimamente ligados entre si, ou seja, temos deveres para podermos exigir os nossos direitos e só temos direitos se cumprirmos com os nossos deveres. A esta coexistência, deve corresponder a responsabilidade, por isso é nosso dever votar.

J. Nuno Vieira de Araújo
In Cardeal de Saraiva, 15Mar.2002

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