quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

TGV - um erro nacional e local

O comboio de alta velocidade (TGV) tem sido uma opção política muito discutida. A nível nacional, uns condenam a opção por convicção e outros por falta de oportunidade.

Em termos de desenvolvimento sustentado, o TGV não parece o melhor caminho, porque é um projecto que comprometerá as próximas gerações. É criticável socialmente e economicamente, pois todos os cidadãos pagarão o luxo de alguns e é certo que não há rentabilidade económica, quer na sua construção, quer na sua exploração. Como alternativas, poder-se-iam fazer investimentos partilhados, nomeadamente optar por um Alfa melhorado.

No distrito de Viana do Castelo, a discussão está centrada no concelho de Ponte de Lima, onde estão colocadas duas hipóteses para o traçado do comboio de alta velocidade, contudo os corredores do TGV serão um retalhar profundo para o concelho limiano, o que provocará quebras irreversíveis na unicidade de várias freguesias.

Em Ponte de Lima, a respectiva Assembleia Municipal tem debatido o TGV no concelho e não há consenso sobre esta matéria, estando instalada uma verdadeira guerra. Uns estão de acordo com o TGV, outros não, e outros pronunciam-se sobre os traçados, porém todos estão de acordo que nenhum dos traçados é bom, pois destrói núcleos urbanos e património ambiental.

Por sua vez, Daniel Campelo, Presidente da Câmara Municipal, chegou a afirmar, em Fevereiro, que “é um dos piores problemas que o concelho de Ponte de Lima terá de enfrentar nos próximos tempos” e admitiu que travar o TGV seria uma “missão quase impossível”. Em Abril, passados dois meses, admitiu como hipótese a instalação de um "apeadeiro" (do TGV), tendo referido que "Ao menos, não nos limitávamos a ficar a ver o comboio passar. Se houvesse aqui um ponto de embarque de passageiros e/ou de mercadorias, isso aumentaria a atractividade e a competitividade do concelho".

Ora, perante esta tomada de posição pública de Daniel Campelo, outras vêm à memória, porém: à 1ª quem quer cai (o queijo Limiano, que não iria sair de Ponte de Lima, está em Vale de Cambra); à 2ª só cai quem quer (a empresa Cobra, que vinha para Ponte de Lima, está no Brasil); à 3ª diz-se que é demais (o Ikea, que foi dado como certo em Ponte de Lima, está em Paços de Ferreira); à 4ª ninguém acredita (um apeadeiro do TGV em Ponte de Lima!) Mas… como é possível um apeadeiro para um TGV em Ponte de Lima?

Se em termos nacionais, só a realização de um referendo poderá parar o TGV, em termos locais a pressão pode ser feita pelos autarcas, criando comissões em termos de freguesias, ou propondo alternativas ao Sr. Ministro das Obras Públicas, no sentido encontrar um local mais deserto, ou que encontre alternativa pelo mar ou pelo ar.

Temos que ser resistentes na defesa da nossa e das futuras gerações, pois consideramos o TGV um erro em termos nacionais, regionais e locais.

Não queremos o TGV por convicção.
José Nuno Araújo
In Cardeal de Saraiva, 27Nov2009

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