quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Orçamento de Estado 2002

O primeiro orçamento de estado aprovado neste milénio esteve repleto de particularidades. Surgiu um deputado independente que, quando foi eleito, era do CDS/PP; um grupo parlamentar não compareceu com todos os seus deputados eleitos, nem tão pouco substituiu o deputado Duarte Lima, ausente por doença; os restantes grupos representados na Assembleia da República divertiram-se com acessórios, nomeadamente com a problemática das votações, com quem está ou não presente, chegando mesmo a falar em acordos que são desconhecidos de todas as partes interessadas e dos cidadãos em geral.
O nível da discussão do orçamento foi tão elevado que até proporcionou ao deputado independente um momento de hesitação na altura da votação. O carácter deste deputado foi ao ponto de hesitar na hora do voto, após ter dado a entender ao país, no dia anterior, que iria aprovar o orçamento.
Realmente isto parece surrealista, mas de facto são verdades factuais. Será que os eleitores de Viana do Castelo votaram num independente ou num partido político? Já serão permitidas, e nós desconhecemos, candidaturas de cidadãos independentes à Assembleia da República? Quantos acordos haverá mais que não são do conhecimento público? Assumem os políticos de hoje que seguem o ditado de "anda meio mundo a enganar outro meio"?
Ideias!? Poucas ou nenhumas. As estratégias da actual política passam mais pelas pessoas do que pelos projectos. Fala-se em ganhar estas ou aquelas eleições, em ganhar aqui ou acolá, mas não se fala no que se quer fazer, nem no que é necessário fazer. Como já é comum dizer-se, é preciso mudar de políticas e de alguns políticos.
Desconfio daqueles que jogam às escondidas uns com os outros e dos que se tornam independentes após terem sido eleitos por partidos políticos.
Haja seriedade!

J. Nuno Vieira de Araújo
In Público, 18Nov.2001

Sem comentários: