sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Engº Campelo: afinal onde fica?

Ex.mo Senhor Presidente da Mesa da Assembleia Municipal e restantes membros da mesma
Ex.mo Senhor Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima
Ex.mos Senhores Vereadores
Membros da Assembleia Municipal
Senhoras e senhores:

Intervenho em nome do Partido Social Democrata.

Diversos partidos políticos e outros movimentos concorreram às eleições para o Parlamento Europeu. Uns ganharam, outros perderam e outros ficaram na mesma. Atendendo ao número de deputados eleitos, ganhou o Partido Socialista, perderam a CDU e o PP, e ficamos na mesma nós, PSD.

Nesta Assembleia Municipal, há quatro partidos políticos representados, por isso apresento os parabéns ao Partido Socialista pelo resultado obtido a nível nacional e ao Sr. Eng.º Daniel Campelo pelo resultado obtido no nosso concelho. Estes foram os vencedores!

No entanto, permitam-me dizer-Vos que, com este resultado, sinto renascida a esperança de poder começar a construir um futuro próximo, vencedor para o PSD. É que o PS venceu, mas não convenceu a maioria absoluta que dizia ter; e o PSD, apesar de ter mudado de estratégia e de liderança um mês antes das eleições, conseguiu obter mais 40.000 votos em relação às eleições de 1994, mantendo a sua representatividade em 9 deputados eleitos.

Num futuro próximo, em Outubro, teremos eleições legislativas e uma sondagem da SIC aponta uma diferença de 3 pontos percentuais entre o PS e o PSD, ou seja, o PS surge com 41 e o PSD com 38%. Sabem porque é que esta sondagem se pode aproximar da realidade? Porque, nessa altura, todos nós votaremos sobretudo para eleger um Primeiro Ministro para Portugal. A escolha será entre o Sr. Eng.º António Guterres e o Sr. Dr. Durão Barroso.

Todos o conhecemos, mas os senhores do PS melhor do que ninguém, e certamente consideram António Vitorino um elemento muito válido, mas se calhar não conhecem a afirmação de António Vitorino em relação a Durão Barroso. Passo a citar: “é o mais brilhante político português vivo”. Meus senhores, tirem as conclusões que entenderem por bem.

Voltando às últimas eleições europeias, devo dizer-Vos que não nos surpreendeu o resultado do PP no nosso concelho, uma vez que ao apresentar o Presidente da Câmara de Ponte de Lima como candidato na sua lista, utilizando uma política de espectáculo, criou as condições necessárias para obter aqui um resultado favorável, embora muito longe das expectativas criadas. No nosso distrito, não quero deixar de realçar que o PP foi a força política que mais perdeu - cerca de 9% - e se não fosse a subida que se verificou no nosso concelho o PP ainda mais perderia. Mesmo assim, o PSD ficou apenas a 183 votos do PP, pelo que sentimo-nos satisfeitos e agradecemos desde já a confiança que em nós depositaram os eleitores limianos.

O resultado destas eleições no nosso concelho confirmam que há um descontentamento em relação ao executivo da Câmara Municipal. Por um lado a forte abstenção denota que o candidato de Ponte de Lima não conseguiu cativar a população limiana para a importância destas eleições; por outro lado, a ambiguidade das suas afirmações no período da campanha eleitoral pode mesmo ter confundido os eleitores. O n.º 4 do PP, numa entrevista ao Cardeal de Saraiva, afirmou que após as eleições, caso fosse eleito, iria perguntar aos Limianos, nomeadamente aos Senhores Vereadores da Câmara Municipal, aos Presidentes da Junta de Freguesia e aos membros da Assembleia Municipal se pretendiam que fosse para o Parlamento Europeu ou que continuasse à frente dos destinos do concelho, admitindo a hipótese de suspender o seu mandato no Parlamento Europeu. Nessa altura eu estranhei tal afirmação e considerei-a de pura demagogia, pois no Parlamento Europeu não existe suspensão, mas apenas renúncia. Mesmo assim, e provando que as expectativas do PP eram muito maiores para o concelho de Ponte de Lima e para o distrito de Viana do Castelo tal pergunta agora não tem cabimento! Certamente este candidato do PP, na altura em proferiu esta afirmação não sabia que o seu líder de partido o havia enganado. É que e passo a citar “Paulo Portas prometeu a Daniel Campelo um lugar em Estrarburgo. O número quatro na lista do PP às eleições europeias aceitou a candidatura com a promessa de que iria até ao Parlamento durante um ano e meio. Algo que só seria possível se um ou dois dos eurodeputados a eleger cedesse o seu lugar. Coisa que não se afigura como muito fácil, já que tanto Luís Queiró e José Ribeiro e Castro não pensam desistir do seu mandato (...), como nem sequer foram informados das intenções de Portas. / Campelo, em declarações ao Euronotícias, recusa-se a comentar esta afirmação, e afirma que “os assuntos domésticos tratam-se em casa e não na praça pública”. Quanto à sua ida para o PE, adianta que “se não gostasse de vir a ser eurodeputado não me candidatava”. - EURONOTÍCIAS.

A questão que quero colocar ao senhor Presidente da Câmara é a seguinte: o senhor disse aos limianos que se candidatava à Câmara para nela permanecer durante o seu mandato. Afinal em que ficamos? Quais são as preferências do senhor presidente: a Câmara ou Estrarburgo? Queira, senhor presidente da Câmara Municipal, fazer o favor de esclarecer esta Assembleia das suas reais intenções e da durabilidade do seu mandato na Câmara Municipal.

Senhor Presidente, por falar em mandato, estou preocupado com o que li na comunicação social sobre a gestão dos recursos humanos na autarquia de Ponte de Lima. A minha preocupação deve-se ao facto de, nesta matéria, o alvo em questão serem seres humanos e nós aqui temos que exigir o máximo de respeito e correcção. Não creio poder tratar-se de perseguição, mas o que é que se passa concretamente? Desmente ou confirma o que vem nos jornais locais?

Digníssima Assembleia, não fiquei de todo surpreendido pelo facto de o resultado do PP ter ficado aquém das expectativas criadas pelos seus responsáveis limianos, pois no nosso concelho nós temos responsáveis políticos que num determinado momento assumem que existem contrapartidas e noutro momento negam a sua existência, nós temos responsáveis políticos que chegam a alegar ter que cometer ilegalidades para justificar os seus actos, nós temos responsáveis políticos que fogem das suas responsabilidades e não enfrentam a Justiça, nós temos responsáveis políticos que não permitem funcionários públicos gozar as tolerâncias de ponto a que têm direito, nós temos responsáveis políticos que assumem não ser devidamente informados para poderem cumprir as suas obrigações; nós temos responsáveis políticos que prometem o que não podem dar e não cumprem o que prometeram.

Meus senhores, com pessoas desta natureza é difícil lidar e viver. Estes que fogem, que se trocam, que cometem ilegalidades são nossos autarcas. Realmente é preciso mudar e é porque acredito na mudança que aqui estou e estarei no meio de vós.

A arma da democracia consiste em ter vigor na denúncia e acreditarmos na ideologia, por isso cá estamos nós PSD a denunciar o que não segue as normas da coerência, honestidade, seriedade e carácter políticos. Nós acreditamos poder viver onde todos decidem como se fossem um todo no interesse de todos, nós acreditamos poder viver n’Um Concelho Para Todos.
Ponte de Lima, 26 de Junho de 1999
O membro eleito pelo PSD,
José Nuno Torres Magalhães Vieira de Araújo

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