sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Estratégia do PSD

Ex.mo Senhor Presidente da Mesa da Assembleia Municipal e restantes membros da mesma
Ex.mo Senhor Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima
Ex.mos Senhores Vereadores
Membros da Assembleia Municipal
Senhoras e senhores:

Intervenho em nome do Partido Social Democrata.

No mês de Setembro apresentei nesta Assembleia a estratégia do PSD concelhio, dizendo que estávamos aqui para defender os interesses do concelho e fiscalizar as iniciativas e condutas da Câmara Municipal, assumindo uma oposição construtiva. No dia 19 de Dezembro reafirmei-a, dizendo que a nossa estratégia se mantinha inalterável, quando vos transmiti a posição da Comissão Política a que pertenço relativamente à Alternativa Democrática. Disse-vos na altura que os nossos adversários naturais em política são, sem dúvida, o PCP e o PS e que no tocante a princípios e valores, o PPD/PSD e o CDS/PP estão próximos por natureza, mas também vos disse na mesma intervenção que estaremos com aqueles que possuam coerência, honestidade, seriedade e carácter políticos, tendo acrescentado que só com pessoas desta natureza, acreditamos ganhar o concelho, o distrito e o país.

A proclamada Alternativa Democrática chegou ao fim. E sabem porquê? Porque não foi respeitado aquilo que nós queremos: a coerência, a honestidade, a seriedade e o carácter políticos.

Digníssima Assembleia, não há dúvida que para ganhar o país têm que se nos apresentar pessoas com estas características. Não há dúvida que no tocante a princípios e valores o PPD/PSD está mais próximo do CDS. Basta ver o percurso dos dois partidos desde que há democracia em Portugal. No entanto, facilmente verificamos que a nível nacional e local o CDS sofreu grandes alterações na sua conduta e os seus últimos líderes deixam muito a desejar no que diz respeito às qualidades que um político deve ter, por mim atrás mencionadas.

A nível nacional, houve dois líderes no CDS que todos nós respeitamos - refiro-me ao Sr(s) Prof(s) Freitas do Amaral e Adriano Moreira - contudo, no CDS/PP há outros mais recentes em quem não podemos confiar: um, que para a eleição do seu líder parlamentar tira uma caneta do casaco e faz que vota, enganando o seu grupo parlamentar e o partido que então dirigia; outro, que perante a eminência de maus resultados da Alternativa Democrática, dá uma entrevista a uma Televisão e faz queixas à entrevistadora do seu parceiro e do seu partido de coligação. Afirmou que o outro líder lhe tinha dito que no seio do seu partido havia elementos descontentes consigo e afirmou também que ouviu dizer que esses mesmos não o queriam ver ao lado da Drª Leonor Beleza na campanha para o Parlamento Europeu.
Será que o Sr. Dr. Paulo Portas não assistiu aos dois últimos congressos do PSD? Por acaso houve unanimidade no PSD quanto à Alternativa Democrática? Por acaso não sabia já disto o Sr. Dr. Paulo Portas?

O Prof. Marcelo Rebelo de Sousa tomou uma atitude de exemplar carácter político, da qual nos orgulhamos, assumindo as consequências da estratégia traçada. Nós, PSD, podemo-nos orgulhar dos líderes que tivemos: um num passado mais longínquo, do qual todos temos saudosas recordações - refiro-me ao Dr. Francisco Sá Carneiro, que foi primeiro ministro de Portugal; outro, num passado mais recente, ao qual todos reconhecemos o sua dedicação e empenho no governo de Portugal - refiro-me ao Sr. Prof. Aníbal Cavaco Silva.

A nível local há personalidades ligadas ao CDS/PP que todos respeitamos. Não vou nomear, porque posso esquecer-me de alguma. No entanto, outras há que repudiamos - refiro-me neste caso ao Sr. Presidente da Comissão Política Concelhia do CDS/PP, actual vereador da Câmara Municipal, o Sr. Gaspar Martins, pelo facto provado da sua ausência no Tribunal Judicial de Ponte de Lima para ser ouvido pelo juíz num processo crime em que era indiciado, fazendo com que o mesmo fosse prescrito e consequentemente arquivado, por considerar que isso é o melhor para os seus interesses, como afirmou o sr. Gaspar Martins na última sessão. Meus senhores, a Comissão Política Concelhia do PSD, após a última Assembleia Municipal, deslocou-se a Lisboa, a fim de falar com o seu respectivo Secretário Geral e mais tarde reuniu com o Sr. Presidente da Distrital de Viana do Castelo do CDS/PP, o Sr. Dr. Abel Baptista, para lhes comunicar e fazer sentir que em Ponte de Lima não estavam reunidas condições para uma verdadeira Alternativa Democrática, anunciando que nós jamais negociaríamos com uma pessoa daquela natureza. A Alternativa Democrática posteriormente terminou, é certo! Mas será que no nosso concelho chegou a começar? Nós, PSD, não podemos pactuar com pessoas desta natureza, nem com quem lhe dá cobertura política.

Numa entrevista ao jornal “Região do Minho”, em 12/03/99 o Sr. Engº Daniel Campelo, ao falar da AD afirmou o seguinte: “Posso-lhe dizer claramente que o comportamento irresponsável de alguns dirigentes partidários, designadamente da comissão política do PSD em Ponte de Lima, obriga a que se pondere o tipo de colaboração que venha a ser estabelecido ao nível distrital, e especialmente concelhio” e defendeu o humanismo, o valor das pessoas, como o mais importante da democracia cristã. Mas que contradição!

Como pode defender o valor das pessoas se não respeita os seus adversários políticos?
Onde está o nosso respeito pelo próximo, quando, em liberdade democrática, não respeitamos a diferença e assumimos que temos que cometer algumas ilegalidades?
Onde está o respeito pelo cidadão, quando, uma vez eleitos democraticamente, não os esclarecemos devidamente como é nosso dever, nomeadamente aquando dos referendos da despenalização do aborto e da Regionalização ?
Onde está o nosso respeito pelo outro, quando apelamos à dependência dos Independentes?
Onde está o respeito pelo eleitor, quando só o procuramos na altura que é para votar em nós?

Como pode defender o valor das pessoas, se acusa de irresponsáveis aqueles que denunciam a verdade? Como o caso da contrapartida no negócio dos 100 contos, da violação do PDM e o da fuga à Justiça de um vereador.
Onde está a nossa seriedade em não respeitarmos as regras de civismo?
Não estamos aqui para enganar ninguém, nem para dizer uma coisa hoje e outra amanhã.

Nós, PSD, estaremos com aqueles que possuam coerência, honestidade, seriedade, e carácter políticos - disse-o, nesta Assembleia, em 19 de Dezembro e reafirmo-o hoje com toda a convicção. Em democracia, é normal a diferença, mas não é normal o totalitarismo.
Ponte de Lima, 24 de Abril de 1999
O membro eleito pelo PSD
José Nuno Torres Magalhães Vieira de Araújo

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